Coronavírus
Coronavírus em MG: aumento de casos no interior preocupa autoridades na capital
Membros do comitê de enfrentamento à doença em Belo Horizonte afirmam que mantém contato com a Secretaria de Estado de Saúde sobre a situação; confirmações já atingem 40% dos municípios mineiros
by Lucas MoraisDiante do número cada vez maior de cidades mineiras com casos confirmados de coronavírus – o último boletim aponta que mais de 40% dos municípios possuem registros positivos – e o avanço da doença no interior, os membros do comitê de enfrentamento à pandemia em Belo Horizonte relataram preocupação com o panorama.
"O que estamos observando e monitorando também são várias cidades no interior de Minas com aumento importante do número de casos, mas entre os municípios próximos da região metropolitana essa velocidade de crescimento tem sido menor", comentou o infectologista Carlos Starling.
De acordo com o especialista, a influência das localidades que ficam em um raio de 200 km da capital mineira é ainda maior, o que deixa a situação menos preocupante. "As pessoas [dessas cidades] vêm para cá. Até isso estamos monitorando e mantendo a comunicação direta com a Secretaria Estadual de Saúde, porque nós sabemos que Belo Horizonte sofre influência do interior e também dos números do Estado de uma forma importante", acrescenta.
O último balanço da doença em Minas Gerais mostrou o crescimento da interiorização da pandemia. Segundo os dados, cidades que antes registravam baixo número de confirmações, como Barbacena, no Campo das Vertentes, e Camanducaia, no Sul de Minas, agora veem um crescimento acelerado dos registros. Em outras localidades, também começam a ser notificado os primeiros óbitos.
Para o infectologista Estevão Urbano, ao contrário do que os pesquisadores e as autoridades de saúde imaginavam, Belo Horizonte se tornou um escudo que evitou uma disseminação acentuada do coronavírus para outros municípios do Estado – por conta do isolamento social antecipado, especialistas dizem que não ocorreu uma explosão de casos na capital.
"Nas grandes metrópoles, há mais aglomeração, circulação de pessoas de outros países e Estados. E por isso há uma irradiação (da transmissão) esperada para outras cidades, que vão se contaminando. Felizmente, BH conseguiu fazer o contrário do que se imaginava e se tornou um escudo protetor. Agora, estamos vendo várias regiões de Minas começarem a aumentar, o que deixa a situação preocupante", comenta.
Segundo o membro do comitê, o momento agora é de medidas mais efetivas para evitar a proliferação dos casos no interior. "Agora, temos que pedir para essas outras cidades serem um escudo para BH, porque secundariamente esses casos podem vir para a capital", complementa.
Flexibilização será monitorada
Questionado sobre a influência da flexibilização do isolamento social em Belo Horizonte, o infectologista Estevão Urbano lembrou que há um cenário favorável na cidade, com a ocupação em níveis aceitáveis do sistema de saúde – hoje, junto com os leitos de UTI nas rede pública e privada, o índice não passa de 30%. "Não existe uma metodologia consagrada mundialmente para achar o dia certo para abrir ou fechar. Tentamos montar o nosso próprio conceito de ciência para a abertura de BH", afirma.
O especialista enfatiza ainda que muitos fatores vão determinar a continuidade ou não da reabertura das atividades comerciais. "Tudo é muito tênue e muitos fatores andam juntos, são vários aspectos. Temos chance de acertar mais, ou errar. Ele não será de uma flexibilização inconsequente, tem condições de gerir a curva e não ter nem pico", finaliza.