Procuradoria da Venezuela pede que partido de Guaidó seja declarado organização terrorista

Regime acusa opositor de estar por trás de incursão marítima que tentou depor Maduro

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, pediu nesta segunda-feira (25) ao Supremo Tribunal de Justiça que declare o partido político de Juan Guaidó uma organização terrorista.

Saab, aliado do regime chavista, acusou a legenda Vontade Popular de estar por trás de uma incursão marítima de um grupo de mercenários interceptada pelas autoridades venezuelanas no dia 3 de maio.

No dia seguinte, o Ministério Público abriu várias investigações contra Guaidó, reconhecido por mais de 50 países como presidente interino da Venezuela, mas não emitiu um mandado de prisão.

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O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, mostra foto com o que ele afirma ser o contrato assinado por Juan Guaidó com mercenários - Manaure Quintero - 4.mai.20/Reuters

A legislação venezuelana estabelece penas de até 30 anos por crime de terrorismo.

O Vontade Popular rejeitou as acusações em mensagem publicada numa rede social.

"Enquanto o povo venezuelano protesta nas ruas pela falta de água, eletricidade, gasolina, gás, escassez e porque o dinheiro não é suficiente, Maduro e sua ditadura corrupta e ineficiente perseguem nosso partido", escreveu seu fundador, Leopoldo López, que escapou da prisão domiciliar em 30 de abril de 2019.

Mentor de Guaidó, López está refugiado na residência do embaixador da Espanha e foi condenado a 14 anos de prisão por atos de violência em protestos contra o governo, em 2014.

Os artigos mencionados pelo promotor estabelecem a responsabilidade "civil, administrativa e criminal" por "atos puníveis" relacionados ao "financiamento do terrorismo", bem como a "apreensão dos instrumentos utilizados na execução de um crime".

Saab afirmou nesta segunda que o Vontade Popular teria promovido ações desestabilizadoras em plena pandemia do novo coronavírus com o objetivo de "explodir a Venezuela".

Ele acusou Guaidó e seu partido de "financiarem uma incursão mercenária contra nosso território".

Chamada de Operação Gideon, a tentativa fracassada de depor o ditador Nicolás Maduro foi realizada pela empresa americana Silvercorp. Seu fundador, Jordan Goudreau, é um veterano das Forças Armadas dos EUA —o regime venezuelano acusa Washington e Bogotá de também estarem envolvidos na ação.

Goudreau apresentou ao jornal The Washington Post uma cópia de um contrato no qual consta sua assinatura e a de Guaidó. O documento descreve a execução dos serviços de "capturar/deter/remover Nicolás Maduro", entre outros.

O líder opositor nega ter assinado o acordo e afirma não ter envolvimento na operação.