Anitta e o parasitismo da fofoca que diz respeito a todos nós. Por Nathalí Macedo
by Nathalí MacedoA cantora Anitta não sai das manchetes.
Tudo que ela faz (ou não faz) vira notícia: quando começa a namorar, quando termina o namoro, quando tem as celulites fotografadas por um paparazzi, quando não se posiciona politicamente, quando se posiciona politicamente, quando a mãe sai de casa, quando usa um corretivo no tom errado, quando viaja, quando não viaja, quando respira, enfim.
Deve ser mesmo difícil viver sob a vigilância constante de uma legião de fofoqueiros endossada e conduzida por outros fofoqueiros (só que profissionais) autointitulados “colunistas”.
E o pior é que essa vigilância – que, muitas vezes, chega a parecer uma verdadeira perseguição – não é só falta de assunto. Gente como o mexeriqueiro Léo Dias vive de investigar e divulgar a vida íntima dos famosos, como parasitas que se alimentam da fama do hospedeiro.
Um tipo de “jornalismo” predatório, parasitário e sem nenhum compromisso com a verdade, uma máquina produtora de narrativas fantasiosas sobre a vida privada alheia, uma aberração que deveria ter acabado junto com o programa de Leão Lobo, mas segue se perpetuando na internet e sobrevivendo às custas da paz de gente como Anitta.
Essa semana a cantora gravou vídeos Instagram contando que passou os últimos anos sendo chantageada pelo “jornalista”, por conta de um áudio em que Anitta revela segredos envolvendo Preta Gil, Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Boninho, Pablo Vittar, Jojo Toddynho e Marília Mendonça: um verdadeiro rebuceteio de fofocagem.
Segundo ela, Leo Dias, que também é seu biógrafo, a ameaça há muitos anos.
“Ele ameaçou não só a mim, mas a minha equipe também, ao dar uma notícia sobre a minha mãe que nem era verdadeira”, desabafou, falando sobre a notícia de que a mãe teria sido expulsa da mansão dela, veiculada pelo colunista.
A única pergunta que me ocorre é a seguinte: o que falta para Anitta processar o tal biógrafo?
Esse texto, aliás, não é uma defesa da cantora – que paga bons advogados para fazerem essa tarefa -, mas um manifesto contra a perpetuação de um tipo de “jornalismo” que deveria ser rechaçado com mais veemência
Foi esse tipo de “jornalismo” opressor e parasita que acelerou e emoldurou a morte de Amy Winehouse com uma perseguição impiedosa. Um “jornalismo” que não não tem fontes, tem vítimas, e não apura, inventa e ameaça.
O caso de Anitta e Leo Dias revela um abuso psicológico nítido perpassado por chantagem, ameaças e mentiras e incrementado com uma boa dose de incentivo à competição feminina – já que a fofoca espalhada pelo colunista, dessa vez, envolve inclusive um boato de que Anitta xingou Marília Mendonça e Preta Gil mantém um grupo no WhatsApp pra falar mal de outras famosas -, tudo desmentido por todos os envolvidos.
Se os boatos são verdadeiros ou não, pouco importa: importa dizer que, se agora Anitta quebra esse silêncio e revela os bastidores sórdidos das colunas de fofoca como “O Dia”.
Independente da veracidade das histórias espalhadas pelo “colunista”, esse tipo de parasitismo precisa ser questionado e rechaçado por todos que defendem e praticam um jornalismo decente.