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O presidente do Suriname, Desi Bouterse, foi condenado por homicídio pela execução de 15 opositores
© FLORENCE LO / POOL / AFP

Condenado por homicídio quer continuar a liderar Suriname. E está confiante

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Desi Bouterse, de 74 anos, tenta manter-se no poder depois de ter sido condenado a 20 anos de prisão por homicídio.

O Suriname vota, esta segunda-feira, para eleger os 51 membros da Assembleia Nacional, que vão determinar o destino do presidente Desi Bouterse, de 74 anos, condenado no ano passado a 20 anos de prisão pela execução de opositores em 1982, depois do golpe que o levou ao poder.

As eleições nesta ex-colónia holandesa acontecem, apesar da pandemia de coronavírus e do confinamento parcial em vigor no país, suspenso por dois dias.

Desde a abertura das secções, às 7:00 (horário local), parte dos 380.000 eleitores convocados começou a alinhar-se para votar, mantendo uma distância de 1,5 metros.

Bouterse e a primeira-dama, Ingrid Waaldring, estavam entre os primeiros a chegarem à escola pública O.S. Clevia de Paramaribo, capital do país.

Neste país, o presidente é eleito pelo Parlamento unicameral. Isso significa que estas eleições legislativas são fundamentais para definir o destino de Bouterse, que procura conquistar um terceiro mandato, apesar de ter sido condenado por homicídio.

De acordo com uma sondagem do instituto de estatísticas do Suriname (IDOS), o Partido Democrático Nacional (NDP), de Bouterse, poderá perder a maioria legislativa, irá ter "uma perda substancial em Paramaribo", a capital do país.

Condenado por executar 15 opositores

Apesar das sondagens, o líder do Suriname está confiante no terceiro mandato consecutivo para liderar os destinos do país, mesmo tendo sido condenado pela justiça. Acredita na vitória do seu partido e na sua consequente reeleição.

Bouterse tomou o poder num golpe, entre 1980 e 1982, ajudou a derrubar um governo eleito e, alegadamente, prendeu e executou 15 opositores políticos, incluindo advogados, jornalistas e empresários. Tudo aconteceu em 1982 no que ficou conhecido como "assassinatos em dezembro". O caso foi investigado pelo seu principal opositor nestas eleições, Chandrikapersad Santokhi.

Em 2007 reconheceu a "responsabilidade política" pelo que aconteceu, mas negou a responsabilidade pessoal.

O presidente do Suriname recorreu da condenação e o caso foi adiado para junho devido à pandemia de coronavírus.

Num caso separado, um tribunal holandês em 1999 condenou Bouterse a 11 anos de prisão à revelia por tráfico de droga, acusação que ele nega.

Entre 1980 e 1987, Bouterse foi o presidente do Conselho Militar e era ele quem, no fundo, liderava o país. Em 1990, apoiou um golpe militar, que derrubou o presidente de então. Em 2010 é eleito presidente do Suriname depois de o seu partido ganhar a maioria na Assembleia Nacional.

O mesmo viria a acontecer em 2015, mas aqui o PDN vence por uma margem curta.

Quem está de quarentena também vota

O Suriname também elege 118 representantes distritais e 772 locais, com 17 partidos e mais de 5.700 candidatos em boletins de voto.

Com medidas especiais devido ao novo coronavírus, as autoridades colocaram tinta azul nos dedos dos eleitores com um cotonete, em vez de os deixar mergulhar os dedos num tinteiro.

Muitos partidos já vieram dizer que não pretende uma coligação com o NDP e culpam o governo Bouterse pela crise financeira no país exportador de ouro e petróleo.