Moradora da Cidade de Deus, no Rio, é baleada após determinação para que ações policiais fossem evitadas
Estado da mulher é estável; não se sabe de quem partiu o tiro que a atingiu
Na manhã desta segunda (25), moradores da Cidade de Deus, na zona oeste carioca, relataram tiroteio e a presença do Batalhão de Choque da Polícia Militar no local. Uma mulher baleada na cabeça, próximo à orelha, foi atendida na unidade de pronto-atendimento do bairro e levada ao hospital Miguel Couto, na zona sul.
Segundo a Polícia Militar, não houve ação ou confronto na região. Policiais do 18º BPM, de Jacarepaguá, e do Comando de Policiamento Ambiental (CPAm) foram acionados para ajudar em uma ação do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) no Centro de Treinamento do Vasco da Gama, que fica próximo à Cidade de Deus. Durante o deslocamento das equipes pela região, ainda segundo a PM, ouviram-se tiros na comunidade, que não foram respondidos.
A ação que seria feita, segundo a PM, foi cancelada e a polícia não foi acionada para socorrer possíveis feridos pelos disparos. Moradores da Cidade de Deus dizem, porém, que o Batalhão de Choque estava nas ruas pela manhã e que houve tiroteios.
Na sexta (22), o governador Wilson Witzel havia determinado, após reunião com representantes das polícias civil e militar e com ativistas sociais, que a polícia aumentasse o diálogo com os líderes comunitários para evitar operações de busca e apreensão ou ações de inteligência enquanto grupos promovem ações e serviços humanitários.
Ações policiais e tiroteios, que persistem durante a crise do coronavírus, têm paralisado doações em favelas do Rio de Janeiro. Também não é raro que confrontos interrompam atendimentos em unidades de saúde.
Em dois meses de pandemia, ocorreram, em média, cinco tiroteios ou disparos por dia próximo a unidades de saúde na região metropolitana do Rio, segundo levantamento da plataforma colaborativa Fogo Cruzado.
O coletivo de moradores Frente CDD, que promove o combate à pandemia na Cidade de Deus, não tinha ações organizadas para esta segunda.
A deputada estadual Mônica Francisco (Psol), que estava na reunião de sexta, soube do tiroteio desta segunda e disse ser “fundamental mudar essa atuação”. Segundo ela, esse é o objetivo ao tratar das operações e promover o diálogo direto com a sociedade e instituições.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, responsável pelo hospital Miguel Couto, a mulher baleada tem quadro estável.