Proibição de Trump para viajantes do Brasil tem pouco impacto para setor de turismo brasileiro

Mercado já estava parado e espera retomada por viagens domésticas

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Um dos setores mais afetados pela crise do coronavírus, o turismo prevê pouco efeito na decisão do presidente americano, Donald Trump, de proibir que as pessoas vindas do Brasil entrem nos EUA.

Na prática, o mercado de turismo brasileiro já está parado, não só no fluxo para os EUA, mas para o mundo todo. As expectativas e os planos para o retorno se concentram nas viagens domésticas, até pela pressão do câmbio.

Mesmo entre as maiores operadoras do Brasil, como a CVC, segundo a coluna apurou, a retomada vai acontecer pelos destinos nacionais. E a procura pelas viagens aos EUA, que já estavam em baixa, não deve ser retomada antes do final do ano.

Aldo Leone Filho, dono da Agaxtur, diz que o turismo está ocupado em trabalhar as vendas de viagens que acontecerão daqui a alguns meses, e não agora. "Neste minuto, como a gente está vendendo para o futuro, para o amanhã, o fato de você poder ou não poder entrar nos EUA não muda nada", diz o empresário

A Azul, que está trabalhando com apenas dois voos por semana para os EUA, para Orlando e Fort Laurderdale, decidiu não cortar esses voos, a princípio. Existe uma avaliação no setor aéreo de que ainda há fluxo para os poucos voos restantes por causa do transporte de carga, dos passageiros de lá para cá e das exceções na medida de Trump, como os portadores de green cards, cônjuges, filhos e irmãos de americanos, entre outros.

Já a Latam, que atualmente opera a rota de São Paulo a Miami com três frequências semanais, vai cortá-las.

Procurada para comentar a medida, a Abear (associação que reúne companhias aéreas brasileiras) diz apenas que segue as regras estabelecidas.

"Esse é um tema do governo brasileiro. Voamos hoje e voaremos para todos os lugares assim que seja possível retomar as atividades e que seja possível voar com a segurança sanitária e as devidas autorizações formais. O que nos cabe é aguardar a agenda do governo brasileiro, especialmente da nossa diplomacia, para esse tema", diz Eduardo Sanovicz, presidente da Abear.

Executivos da indústria de aviação viram na medida de Trump um ato de reciprocidade, já que Bolsonaro vem prorrogando a proibição ao ingresso de estrangeiros aqui.