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Michael Jordan
Foto: AFP

Michael Jordan: luzes e sombras polémicas

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Série "The Last Dance" mostra o outro lado do antigo jogador dos Bulls: batia nos colegas nos treinos e era obcecado por vencer. Valia mesmo tudo.

É indiscutível: o "Black Jesus" - como o ex-basquetebolista Reggie Miller apelidou Jordan - era um jogador fora de série dentro das quadras. Além do talento nato, tinha uma obsessão fora do normal, pode-se dizer quase patológica, por vitórias e títulos. Algo que cresceu consigo desde a adolescência, quando a mãe o impediu de desistir do basquetebol, mesmo antes de ter começado a dar nas vistas nos campeonatos universitários.

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"A última dança" condensa episódios marcantes da carreira de Jordan e desvenda pormenores esclarecedores sobre o espírito egocêntrico, arrogante e agressivo: chegou mesmo a bater em colegas nos treinos. Entre muitas histórias, Jordan acusa Horace Grant de ser a fonte de informação de um jornalista, ao ponto de lhe contar as regras do balneário dos Chicago Bulls - o acusado nega; disse que Scottie Pippen se revelou egoísta quando adiou uma cirurgia a pensar nele próprio - o que deixou o antigo colega furioso; revela que existiam jogadores dos Bulls, rodeados por mulheres, a consumir cocaína em quartos de hotel - Craig Hodges já veio defender a honra da equipa. Tudo isto numa altura em que distribuía bilhetes dos jogos pelos colegas, de forma seletiva, criando-lhes objetivos e um clima de medo. No meio de tanta nostalgia, podemos constatar um Jordan sempre hiperfocado, sem espaço para distrações, frio e cerebral ao ponto de inventar "jogos mentais" para se automotivar.

Uma viagem ao passado, recheada de imagens inéditas, onde não faltaram convidados especiais. Desde os companheiros de equipa, os ex-presidentes dos EUA, Bill Clinton e Barack Obama, e também nomes como Magic Johnson e Carmen Electra. Ainda hoje podemos imaginar Jordan, com a língua de fora, em voos impensáveis rumo ao cesto. "A Última Dança" expõe sem filtros o esculpir progressivo daquele que se revelou como um mito competitivo. Para alguns, um tirano. Para outros, um "Deus imperfeito".

Trocar o basquetebol pelo basebol

O assassinato de James Jordan, pai de Michael, em 1993, teve um impacto muito grande na vida do astro norte-americano. Cerca de dois meses depois, Jordan reformou-se do basquetebol para se dedicar a um dos sonhos de infância e uma das grandes paixões do pai: o basebol. Os jornais da altura chegaram a insinuar que o homicídio estaria ligado aos problemas de jogo ilegal de Michael, algo que é desmentido no documentário. Depois de dois anos de experiência no basebol, voltou a meio da temporada 1994/1995 à NBA e aos Bulls, onde voltou a conquistar o tricampeonato (1996-1998).

Nike em vez de Adidas

Nos últimos 35 anos, a parceria de Jordan com a Nike deu-lhe lucros astronómicos. Mas se, atualmente, o antigo jogador ainda é um dos rostos da Nike, tudo se deve à insistência da mãe do basquetebolista. Num dos episódios, Jordan revelou que tinha o sonho de assinar pela Adidas, mas a inflexibilidade da marca das "três faixas" mudou-lhe o futuro. Em 1984, a mãe obrigou-o a entrar no avião para ouvir a proposta da Nike, de 228 mil euros, e a partir daí surgiu um dos casamentos mais bem sucedidos da história. Só na venda das sapatilhas Air Jordan, o astro ganha 119 milhões de euros por ano.

Vício pelos jogos de casino

Quem acompanhou a carreira de Michael Jordan sabe o quão competitivo era em campo, com a necessidade pessoal de vitórias a ser repetida a cada capítulo da série documental. No entanto, existia uma fragilidade. O craque nunca escondeu o gosto pelos jogos de sorte e azar em casinos e foi muitas vezes questionado sobre um possível vício. "Eu tenho um problema de competitividade. Nunca apostei em jogos, mas sim em mim mesmo, e era no golfe", disse. Afirmações confirmadas, tanto na época como na série. Mas que, mesmo assim, não abafam todas as suspeições do vício do antigo jogador.

Intoxicação alimentar

Um dos duelos mais míticos da história da NBA, o quinto confronto das finais de 1997, frente aos Utah Jazz, que ficou conhecido como "flu game (jogo da gripe)", no qual Michael Jordan, visivelmente doente, marcou 38 pontos e levou os Bulls à vitória, foi durante 23 anos apelidado de algo que realmente não aconteceu. MJ esclareceu que não se tratava de uma gripe, mas sim de uma intoxicação alimentar. O craque comeu uma piza no dia anterior ao jogo, entregue por cinco pessoas (no momento ficou desconfiado) que o deixou a vomitar durante toda a noite. Mas nem isso o impediu de brilhar.