Apesar do cenário político, Bolsa sobre mais de 3%

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A alta das bolsas internacionais e a visão de que o conteúdo do vídeo do encontro ministerial de 22 abril, no qual o presidente Jair Bolsonaro faz várias afirmações relacionadas ao comando da Polícia Federal (PF), é insuficiente para promover um debate sobre sua derrubada, permitem ganhos ao Ibovespa. Na sexta-feira, após a divulgação da gravação, o índice à vista teve pouco tempo para reagir, fechando em queda de 1,03%, aos 82.173,21 pontos.

Às 11h08, subia 3,51%, aos 85.064,42 pontos, marca que não era vista desde a abertura do dia 12 de março.

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Contudo, o giro financeiro no mercado local deve ser reduzido, por conta do feriado nos EUA, em celebração ao Memorial Day, onde as bolsas estão fechadas e também a Londres, por conta de folga bancária. No horário citado acima, as bolsas europeias tinham ganhos máximos de 2,5%, diante da retomada gradual de algumas economias após a quarentena iniciada para conter o novo coronavírus.

Além disso, o investidor deve adotar um tom cauteloso após a divulgação do vídeo da reunião ministerial e a visão de analistas internacionais de que o Brasil está sendo governado por um presidente populista. A versão digital do Financial Times traz uma coluna com o título “O populismo de Jair Bolsonaro está levando o Brasil ao desastre”.

A despeito da avaliação de que o vídeo não deve levar ao impeachment do presidente Jair Bolsonaro, acusado pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro de interferência na PF, o clima desfavorável está instaurado, o que pode reforçar a volatilidade na Bolsa à frente. Além disso, os casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus seguem avançando. Agora, o País é o epicentro da doença na América Latina e, por isso, os EUA proibiram ontem a entrada lá de viajantes procedentes do Brasil.

“Tudo isso tende a piorar a imagem do País”, diz Sandra Peres, analista da Terra Investimentos. Como o vídeo publicado na sexta-feira após 17 horas, e não trouxe nada de novidade em relação ao que já sido divulgado, a analista observa que isso acaba por não incomodar tanto o mercado hoje. “Contudo, isso não quer dizer que o assunto será esquecido, ainda surgirá muito questionamento”, estima.

Na opinião da analista, as críticas do ministro da Educação, Abraham Weintraub, feitas no vídeo da reunião ministerial de abril, e os manifestos contra o STF sugerem que o cenário político ainda continua tenso. “Não sabemos até que ponto isso vai desenrolar”, diz. No vídeo da reunião ministerial, Weintraub diz que, por ele, botava os ministros do Supremo na cadeia.

Apesar da alta do Ibovespa, o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, reforça que os ruídos políticos ficam no radar, assim como a polarização gerada após a divulgação do vídeo e as palavras do general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O general falou em “consequências imprevisíveis caso Bolsonaro tenha que entregar seu celular para perícia na investigação que apura sobre possível interferência na PF.

“O mercado vai ter que absorver tudo isso. Além disso, a liquidez deve ser precária por conta do feriado no exterior”, avalia Bandeira.

De acordo com a MCM Consultores, à primeira vista o vídeo não apresentou uma prova contundente a respeito da intenção de Bolsonaro de interferir na Polícia Federal para proteger familiares e amigos contra investigações em andamento. “Mas abriu novas frentes para averiguações dentro do processo ao qual está vinculado e reforçou indícios que, em tese, serviriam para Celso de Mello decano do STF apresentar, ao final do inquérito, conclusões favoráveis às acusações proferidas por Sérgio Moro contra o presidente”, cita a nota, acrescentando, entretanto que o conteúdo do vídeo anime o PGR, Augusto Aras, “a deixar de lado a atitude amigável, por assim dizer, em relação à situação do presidente e apresentar uma queixa crime contra Bolsonaro.”

No corporativo, será informado após o pregão o balanço do Magazine Luiza, do primeiro trimestre. Além disso, as ações do Banco do Brasil sobem mais de 7%. Na reunião de 22 de abril, o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu a privatização do BB. “Não acreditamos que isso vá acontecer. O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) negou. Mas é um assunto que pode mexer com os negócios”, cita Bandeira.