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Calçadão de Bangu com aglomeração de pessoas na última terça-feira (19) Foto: Gabriel de Paiva/19.05.2020

Mais de 10% dos casos de Covid-19 do Rio não têm os bairros identificados

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Desde o início da pandemia, Copacabana lidera o número de casos de coronavírus no Rio de Janeiro, intercalando com Campo Grande em alguns momentos. Porém, a liderança de fato é da subnotificação. Mais de 10% dos casos confirmados de Covid-19 na cidade são de bairros indefinidos. De acordo com o Painel Rio, da prefeitura, são 2.307 contaminados que não aparecem na contabilidade de nenhuma localidade específica. Quase três vezes mais do que Copacabana, com 986, segundo a última atualização. Ao todo, são 21.775 na capital.

A ausência de dados específicos é mais um gargalo da rede de saúde, que vem trabalhando próxima ao limite. Os formulários dos pacientes são preenchidos assim que chegam aos hospitais públicos e privados e, em seguida, devem ser repassados ao sistema. Isso dificulta a identificação precisa dos focos de infecção na cidade, segundo especialistas. Assim como a falta de testagem em massa na população. Na rede municipal, até o início de maio, foram feitos entre testes rápidos e PCR cerca de 40 mil exames.

Mesmo assim, a prefeitura já estuda a reabertura da economia nas próximas semanas. Em junho, o prefeito Marcelo Crivella espera liberar as academias de ginástica, jogos de futebol sem público e as aulas. Um estudo da UFRJ, no entanto, prevê o pico da pandemia na cidade na primeira semana do mês que vem. Por isso, recomenda o fechamento total, o chamado lockdown por tempo determinado a fim de achatar a curva de contaminação.

– O registro mal feito é histórico no Brasil. Os profissionais não entendem para que serve a identificação e não preenchem. Durante a pandemia, com tanta gente chegando aos hospitais, acaba em segundo plano. Além disso, há diferenças entre os hospitais, alguns informatizados, outros não – alerta o epidemiologista Diego Xavier, pesquisador do Laboratório de Informação em Saúde do Icict/Fiocruz, destacando também que cerca de 5% dos casos de internação no Rio são de pacientes de fora da capital.

Na semana passada, a prefeitura também resolveu rever o método de registro dos óbitos na cidade e retirou as informações do ar. A Secretaria municipal de Saúde vai reavaliar os casos que devem entrar como Covid-19 ou não. Segundo a Secretaria estadual de Saúde, são 2.755 mortes em decorrência do coronavírus.

Em nota, a prefeitura afirmou que "tem, diariamente, revisado e corrigido os dados inconsistentes das notificações de forma rápida e precisa. Por isso, aparecem esses indefinidos, que, de modo geral, tratam-se de possíveis erros no preenchimento da notificação pela unidade de saúde (pública ou privada) em que o paciente foi atendido. O esforço é para complementar os dados das notificações com cruzamento das informações com outras bases. Dessa maneira, uma notificação que chega de um laboratório em um dia pode ser complementada futuramente".

A SMS também afirmou que esses casos indefinidos não comprometem as estratégias para conter o avanço da transmissão do coronavírus. De acordo com a prefeitura, as "medidas restritivas são válidas para toda a cidade, independentemente do endereço e faixa etária".

Há duas semanas, a prefeitura mantém bloqueios em 13 bairros da cidade das zonas Norte e Oeste para evitar aglomerações. A escolha dos locais foi feita a partir de dados de circulação das pessoas do Centro de Operações (COR) com parcerias.