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Quem tira mais vantagem das portas fechadas? (artigo de  José Manuel Delgado)

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A poucos dias do reinício da I Liga, o tema da influência de serem jogados à porta fechada os 90 jogos que faltam para a conclusão da prova, ganha relevância e merece análise. Aliás, um pouco por toda a Europa a imprensa especializada tem ouvido protagonistas que já viveram a experiência e que dão conta das diferenças sentidas para os jogos como os conhecíamos. Faltará, e é isso que proponho trazer aqui hoje, uma avaliação baseada nos números disponíveis, capaz de nos apontar para algumas pistas interessantes.
 

Comecemos, então, pela Bundesliga, onde já foram cumpridas duas jornadas com os parâmetros do ‘novo normal’. Na Alemanha (onde está ainda em atraso um Bremen-Frankfurt, de antes da paragem) jogaram-se até março 224 jogos, com a seguinte distribuição de resultados:
Vitórias em casa – 43,3%

Empates – 21,9%

Vitórias fora – 34,8%

Nos 18 jogos entretanto realizados, das duas jornadas à porta fechada, os valores foram os seguintes: 

Vitórias em casa – 16,7%

Empates – 27,8%

Vitórias fora – 55,5%

Embora deva reconhecer-se que apenas 18 jogos não representam uma amostra suficientemente significativa, fica, para já, indiciado que vão ser os clubes mais fortes os principais beneficiados com esta nova fórmula. Sobretudo porque, para os emblemas com menos argumentos, o elemento mais equilibrador era o público, nos jogos em casa, e esse trunfo já não entra na equação.
 

Resta saber – e o Dortmund-Bayern de amanhã (17.30) pode ajudar – como será o comportamento das equipas nos jogos mais equilibrados, quem aproveitará melhor a quase-neutralidade imposta pelos novos tempos.
 

Visto o cenário alemão, é oportuno fazer uma comparação entre a nossa I Liga e ‘La Liga’, no que respeita à distribuição de resultados.

Até agora, nos 270 jogos realizados em ‘La Liga’, foi assim:

Vitórias em casa – 47,7%

Empates – 27,7%

Vitórias fora – 24,4%

Quer isto dizer que em Espanha o fator-casa era bastante valorizado, o que pode implicar alguma alteração no que falta jogar sem o calor do público. Os pontos por jogo de cada um dos seis das frente eram os seguintes: Barcelona (2,15), Real Madrid (2,07), Sevilha (1,74), Real Sociedad e Getafe (1,7), Atl. Madrid (1,67)

Já em Portugal, nos 216 jogos realizados, a situação foi a seguinte:

Vitórias em casa – 39,8%

Empates – 25,9%

Vitórias fora – 34,3%

Em Portugal, onde o desequilíbrio entre plantéis é mais acentuado, o campo das ‘surpresas’ deve diminuir, ficando todas as dúvidas reservadas para os jogos entre clubes de peso semelhante, nos três ‘troféus’ em disputa, o título, a Europa e a manutenção.
 

Os pontos por jogo dos clubes que estão na parte superior da classificação da I Liga são os seguintes: FC Porto (2,5), Benfica (2,46), SC Braga (1,91), Sporting (1,75), Rio Ave (1,1,58), VSC .Guimarães e Famalicão (1,54)