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Foto: criança

Novo coronavírus afeta crianças de maneira diferente; entenda!

No Espírito Santo, 113 crianças foram contaminadas; pediatra explica como o vírus se manifesta no público infantil e dá dicas de prevenção

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A maioria das pessoas acredita que os grupos de risco são formados por idosos, pessoas com comorbidades, mas não se atentam às crianças, uma vez que elas representam uma baixa porcentagem nos casos de infecção pelo novo coronavírus. De acordo com Painel Covid-19, administrado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), no Espírito Santo existem 65 crianças de 0 a 4 anos que foram infectadas pelo vírus. Na faixa etária entre 5 e 9 anos são 48. A maioria delas é residente de municípios da Grande Vitória.

Pediatra e consultor em saúde infantil, Jovarci Motta, informa que a maioria das crianças são assintomáticas, mas é necessário testá-las da mesma forma. “No início pensava-se que as crianças não eram infectadas, mas algumas delas não apresentam claramente os sintomas da covid-19. Geralmente, o quadro é leve para moderado, mas ainda existem os casos letais. É importante investigar”, diz.

Sintomas

Com a evolução da doença, novos sintomas aparecem. Antes, era sempre identificada por febre, tosse seca e falta de ar, mas, com o passar do tempo, a doença foi apresentando novas características, o que pede mais atenção dos pais. “Como em qualquer quadro infeccioso, podem ser apresentadas lesões no corpo. Entretanto, as crianças parecem menos vulneráveis porque o vírus tem atingido mais as vias aéreas superiores, em vez do pulmão”, pontua Motta.

Ele destaca que uma das características cruciais para detectar a doença nos pequenos são os sintomas gastrointestinais. “As diarreias, por exemplo, são bem características da covid-19 e as crianças são mais suscetíveis a elas. Mas, ao sinal, de qualquer sintoma respiratório associado à febre é necessário buscar o pronto atendimento rapidamente”, alerta.

Possibilidades

Existem estudos que indicam o motivo delas serem menos suscetíveis ao coronavírus: uma hipótese é que o vírus tem atingido mais as vias aéreas superiores, em vez do pulmão.

Segundo o diretor do David Hide Asthmaand Allergy Reseach Centre do Reino Unido e consultor da Universidade de Southampton, Graham Roberts, as crianças contaminadas se recuperam mais fácil porque elas têm menos receptores da enzima anglotensina 2 (ECA2) na superfície das células. A ausência dessa enzima nas vias respiratórias poderia explicar a razão delas manifestarem sintomas leves nas vias superiores, como boca, nariz e garganta. ”Como o vírus precisa do receptor na célula para infectá-la, os órgãos das crianças estão em evolução e o sistema imunológico ainda está em formação, torna essa possibilidade verdadeira”, completa Jovarci Motta.

Cuidados

Assim como qualquer pessoa, os cuidados necessários com as crianças devem ser mantidos. Neste caso, redobrados. De acordo com o consultor em saúde infantil, os pais devem ser vigilantes. “As crianças não entendem bem o que é o distanciamento social e porque não podem estar em contato com outras crianças. Por isso, é muito importante orientá-las e não deixar ter contato com superfícies sujas e com pessoas que não realizam a prática da higienização, conforme orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS)”, destaca.

Motta orienta, ainda, que sejam feitas as higienizações corretas de roupas, brinquedos, sapatos, entre outros itens de uso pessoal. “É necessário inspecionar os brinquedos em busca de avarias. Os que estiverem danificados devem ser adequadamente descartados, pois são mais propensos a infecções”, ressalta.

As chupetas podem ser higienizadas antes de usá-las ou quando a borracha for tocada ou cair no chão. “É necessário esteriliza-las uma vez por dia, colocando os itens na panela com água até alcançar o grau de fervura. Após o procedimento, retire-os e deixe-os secar. Não use pano ou papel toalha”, ensina Motta.

Não se deve esquecer o isolamento social. Evitar contato com outras crianças neste momento de pandemia é garantir a saúde dos pequenos. “Crianças têm a tendência de compartilhar brinquedos, de se abraçar, beijar, então é importante mantê-las em casa para evitar problemas graves de saúde. Mas se elas apresentarem qualquer sintoma, não deixe de levá-la ao médico”, finaliza o consultor em saúde infantil.