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O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe em Tóquio, em 25 de maio de 2020 (Crédito: POOL/AFP)

Japão levanta estado de emergência, mas pede cautela

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O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, anunciou nesta segunda-feira (25) o levantamento do estado de emergência decretado em razão da pandemia de COVID-19 das últimas regiões do arquipélago onde ainda estava em vigor, incluindo Tóquio.

“Estabelecemos critérios muito rígidos para suspender o estado de emergência. Julgamos que cumprimos esses critérios. Hoje, retiraremos o estado de emergência em todo o país”, disse Abe em entrevista coletiva na televisão.

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Shinzo Abe declarou estado de emergência em 7 de abril em Tóquio e em outras seis regiões, antes de expandi-lo para todo Japão em um contexto de forte aceleração no número de novos casos diários de coronavírus desde o final de março.

Inicialmente programa para durar até 6 de maio, a medida foi prolongada até 31 deste mês. Com a diminuição do número de novos casos, porém, o governo decidiu antecipar sua suspensão, em 14 de maio, em 39 das 47 prefeituras do arquipélago e, na quinta-feira, em Quioto e Osaka.

Com 126 milhões de habitantes, o Japão registrava até domingo 16.581 casos confirmados de coronavírus, número que aumentou em apenas 31 infecções nas últimas 24 horas, e 830 mortes.

No caso do Japão, o estado de emergência não permite que o país imponha confinamentos como na Europa, ou nos Estados Unidos, mas apenas aconselhar a população a ficar em casa, e as empresas, a manterem as portas fechadas. Essa foi a tendência em todo país nas últimas semanas.

Nesta segunda-feira, Abe pediu cautela e adaptação a “um novo normal” para continuar evitando três situações específicas: lugares fechados, ou lotados, e contatos próximos.

“Se baixarmos a guarda, a infecção se espalhará rapidamente (…) devemos nos manter vigilantes”, alertou.

“É necessário criar um novo modo de vida. Devemos mudar nosso modo de pensar a partir de agora”, ressaltou.

Apesar de o país não ter sofrido as ondas de contaminação que ocorreram na Europa, nos Estados Unidos e, mais recentemente, no Brasil, a estratégia implantada pelo governo gerou críticas, principalmente pelos poucos testes realizados, cerca de 270.000. Esta é a menor taxa per capita entre os países industrializados, de acordo com o Worldeters, um site que estabelece estatísticas em tempo real.

A quase completa paralisia da economia entre os principais parceiros comerciais do arquipélago e a diminuição do consumo no país, devido ao estado de emergência, somadas aos efeitos do recente aumento do IVA, decretado no final de 2019, mergulharam o Japão em sua primeira recessão desde 2015.

Abe apresentou um plano de recuperação da economia da ordem de US$ 1 trilhão, que inclui a distribuição de 100.000 ienes por habitante para aumentar o consumo.

O premiê também precisa enfrentar a desconfiança causada pela gestão da crise. Uma pesquisa publicada nesta segunda-feira pelo jornal “Asahi Shimbun” atribui a ele apenas 29% de opiniões positivas, o nível mais baixo desde que assumiu o cargo, em 2012.