António Guterres renova apelo para cessar-fogo global em África
Covid-19
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, renovou hoje o apelo para um cessar-fogo global nos conflitos que ainda prevalecem em África para fazer recuar a pandemia de covid-19.
“Os grupos armados nos Camarões, Sudão e Sul do Sudão responderam ao apelo e declararam um cessar-fogo unilateral. Imploro a outros movimentos armados e governos em África que façam o mesmo”, disse António Guterres numa mensagem dirigida ao continente por ocasião do Dia de África, que hoje se assinala.
“Saúdo igualmente o apoio dos países africanos ao meu apelo à paz e ao fim de todas as formas de violência, incluindo contra as mulheres e as raparigas”, acrescentou.
Na mesma mensagem, Guterres elogiou os países africanos pela liderança demonstrada na luta conta a covid-19, considerando que a pandemia “ameaça o progresso” que permitiria os países alcançarem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos na Agenda 2063 da União Africana.
Por outro lado, apelou para o diálogo político e para a defesa dos valores democráticos para evitar uma escala de tensões em torno das eleições.
“Cerca de 20 países africanos deverão realizar eleições este ano, algumas das quais serão provavelmente adiadas devido à pandemia, com potenciais consequências para a estabilidade e a paz”, observou Guterres
Por isso, acrescentou: “Exorto os intervenientes políticos africanos a empenharem-se num diálogo político inclusivo e sustentado para aliviar as tensões em torno das eleições e a defenderem práticas democráticas”.
Na semana passada, as Nações Unidas emitiram um documento com orientações políticas sobre os impactos da pandemia no continente africano, no qual apelaram para a redução da dívida externa dos países e pediram ações para manter o abastecimento alimentar, proteger o emprego e atenuar a perda de rendimentos e de receitas das exportações.
“Os países africanos, como toda a gente, em todo o mundo, deveriam também ter acesso rápido, igual e a preços acessíveis a qualquer eventual vacina e tratamento”, defendem as Nações Unidas.
Em África, há 3.348 mortos confirmados em mais de 111 mil infetados em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
O continente assinala hoje os 57 anos da criação da Organização da Unidade Africana (OUA).
Em maio de 1963, à medida que a luta pela independência do domínio colonial ganhava força, líderes de Estados africanos independentes e representantes de movimentos de libertação reuniram-se em Adis Abeba, na Etiópia, para formar uma frente unida na luta pela independência total do continente.
Da reunião saiu a carta que criaria a primeira instituição continental pós-independência de África, a Organização de Unidade Africana (OUA), antecessora da atual União Africana.
A OUA, que preconizava uma África unida, livre e responsável pelo seu próprio destino, foi estabelecida a 25 de maio de 1963, que seria também declarado o Dia de África.
Em 2002, a OUA foi substituída pela União Africana, que reafirmou os objetivos de “uma África integrada, próspera e pacífica, impulsionada pelos seus cidadãos e representando uma força dinâmica na cena mundial”.