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Cristina Santos, administradora da Sonae Sierra

Sonae Sierra vai lançar aplicação que permite ver lotação de centros

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Uma das maiores gestoras nacionais de centros comerciais como o Colombo ou o Norte Shopping, a Sonae Sierra lançou serviço de Drive-in nos centros.

A Sonae Sierra está preparada para receber os visitantes em segurança nos mais de 20 centros comerciais que gere ou representa em Portugal, garante Cristina Santos, administradora responsável pela gestão de centros comerciais da Sonae Sierra.

Com cerca de 650 colaboradores em todos os países onde opera, dos quais 420 estão em Portugal, a Sonae Sierra tem contrato com 6672 lojistas. Em Portugal, o braço de gestão de centros comerciais do grupo Sonae tem 25 empreendimentos sob gestão, que representam cerca de 30 000 postos de trabalho.

“Estamos muito bem preparados para apoiar os nossos lojistas na reabertura dos seus estabelecimentos e oferecer aos nossos visitantes um ambiente seguro e confortável”, assegura Cristina Santos em entrevista ao Dinheiro Vivo.

Acabam de lançar um serviço gratuito de Drive-In nos centros comerciais, “que oferece aos visitantes a possibilidade de recolherem as suas compras de forma cómoda, sem sair do carro, depois de terem feito a sua encomenda online ou por telefone.” E, em breve, irão disponibilizar um serviço que “permite perceber, através do site de cada Centro ou da sua App, o nível de afluência de pessoas e de carros ao espaço”.

Sobre as rendas, tema que está a gerar preocupações junto dos lojistas, a empresa está a fazer a dar a estender o prazo de pagamento de metade das rendas cujo pagamento ficou suspenso durante o Estado de Emergência.

A abertura dos centros comerciais está prevista para 1 de junho, mas a APCC já pediu que fosse antecipada essa data, pedindo inclusive que fosse já no dia 18 de maio. Há efetivamente condições para uma abertura em segurança?

Sem dúvida. A segurança e o bem-estar dos nossos visitantes, lojistas, prestadores de serviço e colaboradores é a nossa prioridade. Todos os centros comerciais geridos pela Sonae Sierra estão preparados para retomar, de forma gradual, o seu normal funcionamento logo que o Governo autorize a abertura das restantes atividades comerciais, mantendo o cumprimento de todas as recomendações de segurança da Direção Geral da Saúde (DGS), como fizemos até aqui. Os Centros que gerimos se mantiveram abertos mesmo durante o estado de emergência, de modo a permitir às populações o acesso a bens e serviços essenciais. Estamos muito bem preparados para apoiar os nossos lojistas na reabertura dos seus estabelecimentos e oferecer aos nossos visitantes um ambiente seguro e confortável.

Que procedimentos foram implementado nos espaços que gere para garantir que as preocupações da DGS para evitar que esses espaços não se transformem em focos de contágio?

Cumprimos todas as medidas de prevenção e contenção estabelecidas pelas autoridades de saúde para controlo da covid-19, tendo, inclusive, ido além do que estabelecem as regras. De destacar o investimento significativo que está a ser levado a cabo para instalar nas escadas rolantes dos Centros um equipamento de desinfeção automática dos corrimãos, através de raios UV, que permitirá aos nossos clientes a utilização em segurança, de forma contínua, do referido equipamento.

Entre as medidas adotadas, as mais relevantes, passaram pela instalação de dispensadores de gel desinfetante em todas as entradas dos Centros e em locais de maior afluência ou passagem, como casas de banho e fraldários; pelo reforço das equipas de limpeza para garantir uma maior frequência de limpeza e desinfeção das superfícies com maior utilização; pelo reforço das rotinas de limpeza dos sistemas de ventilação e de todo o equipamento de ar condicionado e ventilação dos Centros. Os sistemas de ar condicionado renovam o ar interior a cada 10 minutos.

Mas também pela permanência de um vigilante em cada acesso aos Centros para garantir a aplicação da norma de obrigatoriedade de utilização de máscara por todos os que frequentam os centros comerciais, convidando os nossos visitantes a aplicar gel desinfetante nas mãos à entrada e alertar para que respeitem e cumpram com as normas de conduta que estão afixadas nas entradas e no interior dos Centros, assim como controlar o acesso e cumprimento do rácio de ocupação definido.

Além disso, todas as equipas de prestadores de serviços estão equipadas com os materiais necessários de proteção individual, como luvas e máscaras; foi colocada sinalética e avisos através do sistema de som sobre as boas práticas de conduta social, com especial ênfase para a necessidade de cumprir com o distanciamento social e ainda sinalética de fluxo de circulação, promovendo a circulação pela direita e o distanciamento de 2 metros, tendo sido prestado apoio aos lojistas na reabertura e no cumprimento das diretivas definidas pelas autoridades.

Durante o Estado de Emergência alguns operadores/gestores de centros comerciais suspenderam as rendas dos lojistas que tiveram de encerrar outros perdoaram mesmo as rendas. Qual foi a vossa opção? De que modo ajudaram os vossos lojistas a mitigar o impacto da crise?

A postura da Sonae Sierra é de um diálogo permanente com todos os lojistas. Como noutros momentos de crise, acreditamos que, conjuntamente e num regime de total respeito pelo negócio de cada um, será possível superarmos o impacto desta crise.

Nesse sentido, permitimos um horário de abertura e fecho flexível, no qual os lojistas puderam optar por abrir os seus espaços até às 12h00 e encerrar a partir das 20h00; permitimos que os lojistas pudessem, de forma excecional, sem penalização, encerrar as suas lojas, caso não tivessem condições para as manter abertas; decidimos suspender, a partir do mês de abril, a emissão das faturas relativas ao pagamento da remuneração, no âmbito do contrato de utilização de cada loja, de modo a aliviar a atual situação de tesouraria dos vários operadores; e, as despesas comuns, que são parte integrante da faturação aos lojistas, foram reduzidas durante o período em que vigorou o estado de emergência no país.

Para ajudar os lojistas cuja atividade esteve limitada pela atual situação, nomeadamente para aqueles cujas lojas estiveram obrigatoriamente encerradas, a posição da Sonae Sierra é de aplicar um desconto de 50% nas remunerações devidas em abril, maio e junho e diferir o pagamento dos restantes 50%, dos meses de encerramento, em 2 anos, com início em janeiro de 2021.

Na reabertura, as lojas estão limitadas à entrada de um número de clientes, consoante a sua dimensão, o que só por si já se repercute nas suas receitas. Há associações que já pedem descontos de 50% nas rendas comerciais pelo menos durante 3 meses e extensão do pagamento das rendas. Como olham para essas propostas? Vão reduzir rendas, oferecer algum tipo de condições mais favoráveis?

Consideramos que, como noutros momentos de crise, gestores e lojistas devem trabalhar em conjunto para encontrar soluções equilibradas e ajustadas ao cenário de cada operação.

Conforme respondido na questão anterior, para ajudar os lojistas cuja atividade esteve limitada pela atual situação, nomeadamente para aqueles cujas lojas estiveram obrigatoriamente encerradas, a Sonae Sierra vai fazer um desconto de 50% nas remunerações devidas em abril, maio e junho e diferir o pagamento do remanescente em 2 anos.

Esta posição assenta numa partilha do esforço exigido pela situação anómala que vivemos, e tem um significativo impacto para os Centros Comerciais e para o cumprimento das suas obrigações.

Com muitos trabalhadores em lay-off, muitas famílias debatem-se com quebras de rendimento disponível. Que impacto considera que isso pode vir a ter no comércio nos shoppings e no comércio de rua?

A economia esteve fortemente condicionada e permanece em parte limitada devido à necessidade de conter e mitigar a pandemia de covid-19. Porém, ainda é prematuro avançar com avaliações detalhadas ou cenários concretos. É já evidente o impacto na economia e, por conseguinte, no sector do imobiliário de retalho. No entanto, este sector tem mostrado em épocas de crise uma elasticidade e capacidade de adaptação muito relevante, a que, estamos em crer, também assistiremos neste cenário. A reabertura das operações, mesmo com as condicionantes necessárias, é fundamental para se iniciar o processo de recuperação da economia, com vista a – no mais curto espaço de tempo possível e sempre no total respeito pela proteção e segurança das pessoas – podermos criar condições para um retorno à normalidade.

Com as pessoas a recear grandes aglomerações pensa que isso possa eventualmente vir a beneficiar o comércio de rua?

Os Centros Comerciais oferecem um ambiente controlado e seguro, com a aplicação de medidas que, como já explicado, garantem uma visita com elevado nível de segurança.

A utilização de máscara nos Centros é obrigatória, o que garante uma proteção essencial. Por outro lado, o número de pessoas em simultâneo no seu interior é controlado de forma a evitar aglomerações e manter as regras impostas pela legislação aprovada, que determina um número máximo de 5 pessoas por cada 100m2.

Estão à disposição dos visitantes em todas as entradas e pontos críticos, dispensadores de gel assético. A limpeza foi fortemente reforçada, assim como aplicação de produtos e tecnologias que garantem a desinfeção não dependente da atuação humana.

Os ambientes fechados são tão seguros como os ambientes ao ar livre. A qualidade do ar interno é um dos aspetos técnicos mais relevantes na forma como gerimos os nossos centros comerciais. Oferecemos aos nossos visitantes espaços limpos e seguros, graças à monitorização constante, limpeza e desinfeção dos equipamentos de ar condicionado e ventilação, garantindo uma renovação adequada do ar fresco a cada 10 minutos.

Podemos garantir aos visitantes que os centros comerciais são espaços seguros e confortáveis e que estão preparados para recebê-los com todas as condições.

No sentido de correspondermos às expectativas dos nossos clientes e potenciarmos as vendas dos nossos lojistas, para os que pretendam ter uma forma alternativa de compra, acabámos de lançar um serviço gratuito de Drive-In nos centros comerciais que gerimos em Portugal, que oferece aos visitantes a possibilidade de recolherem as suas compras de forma cómoda, sem sair do carro, depois de terem feito a sua encomenda online ou por telefone. Até ao momento, contamos já com cerca de 80 marcas aderentes, presentes em cerca de 140 lojas. Os pontos de recolha situam-se no parque de estacionamento de cada centro, em local assinalado de forma visível.

Em breve, iremos também disponibilizar um serviço que permite perceber, através do site de cada Centro ou da sua App, o nível de afluência de pessoas e de carros ao espaço. Em março, a empresa lançou outra iniciativa, ativando uma plataforma de ecommerce para permitir, de forma gratuita, a todos os lojistas dos centros comerciais sob nossa gestão, manterem o seu negócio em atividade, mesmo nos casos em que tivessem as suas lojas físicas encerradas e/ou que não tivessem até à data nenhum canal de venda online. O balanço desta medida é muito positivo: tem ajudado sobretudo os lojistas de menor dimensão, mas também permitido aos visitantes adquirirem bens e serviços nas suas lojas habituais. No total, também aderiram cerca de 90 marcas.

Assistimos nos últimos anos à abertura de muitas lojas de distribuição moderna no comércio de rua, bem como shoppings. Que impacto considera que a situação de pandemia poderá ter nesse ritmo de aberturas?

Os nossos Centros Comerciais são historicamente muito estáveis ao nível da oferta. A rotação de lojas ronda, em média, 10% do número total de lojas por Centro e, a médio prazo, pensamos que este número se vai manter.

Ocorreu igualmente muitas operações de compra de centros comerciais. O que antecipa que o atual clima possa vir a resultar nesta área de negócio?

Os Centros Comerciais continuarão a ser ativos interessantes para investimento no pós-pandemia. Sempre mostraram uma grande resiliência a épocas de crise e ocupam um lugar importante na escolha de consumo dos clientes, que, apesar de momentaneamente afetada, estamos convictos de que voltará gradualmente a níveis normais, à medida que se for avançando nas soluções de resolução de fundo desta pandemia.