Cooperativas se ajudam para enfrentar crise na PB

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Igrejas fechadas, festas de casamentos, formaturas, aniversários cancelados… A pandemia da covid-19 mudou a rotina dos principais clientes da Cooperativa de Floricultores do Estado da Paraíba (Cofep), localizada na zona rural de Pilões. Os prejuízos gerados pela pandemia atingem os cooperados desta e de outras cooperativas de ramos como transporte e turismo. Sensíveis a estas dificuldades, outros setores do cooperativismo paraibano têm promovido iniciativas solidárias e comerciais de intercooperação.

Na última quinta-feira (21), o Sistema OCB/PB realizou a entrega de cestas básicas doadas pela cooperativa de crédito Sicredi Evolução para a Cofep, formada em sua maioria por agricultoras cooperadas. Sediada em Campina Grande, a cooperativa Sicoob Paraíba também doou, há algumas semanas, alimentos para a Cooperativa Paraibana de Pessoas com Deficiência (COPPD) e para a Mulheres em Ação.

O cooperativismo paraibano também tem buscado praticar a intercooperação no âmbito comercial para assegurar trabalho para as cooperativas que estão com atividades paralisadas. Um exemplo vem da própria entidade de representação, o Sistema OCB/PB, que contratou os serviços da Cooperativa Mista Agroartesanal de Juarez Távora (Comajt) para a confecção de 6 mil máscaras descartáveis que estão sendo doadas às cooperativas que atuam em serviços essenciais.

O Sistema OCB/PB tem feito a ponte entre as cooperativas que precisam de ajuda e as que podem ajudar. “A nossa equipe técnica está em contato com cooperativas dos mais diversos ramos para identificar necessidades e buscar soluções. Algumas dessas demandas requerem apoio do Estado e já foram, inclusive, apresentadas ao Governo por meio de ofício encaminhado em março. Mas também temos contado com a solidariedade entre as próprias cooperativas, em iniciativas bonitas, que nos enchem de esperança”, afirma o presidente do Sistema OCB/PB, André Pacelli.

A cooperação entre cooperativas ou intercooperação é o sexto princípio do cooperativismo. A ideia é que as cooperativas podem atuar juntas, para dar mais força ao movimento e servir de forma mais eficaz aos cooperados.

Prejuízo de R$ 150 mil

A presidente da Cofep, Maria Helena Lourenço dos Santos, e várias cooperadas gravaram vários vídeos em agradecimento às doações da Sicredi Evolução, mas não escondem a tristeza e a preocupação com o futuro da cooperativa. Segundo a presidente, sem encomendas, as flores estão perecendo em todas as estufas, que cobrem um hectare de plantio, e as perdas são estimadas em R$ 150 mil.

“Eu sei que todos os ramos foram atingidos, mas a mais atingida foi a parte de flores. A gente vendia às floriculturas, funerárias, igrejas, para festas de aniversário, casamento, batizado e hoje não está acontecendo isso. As flores estão aí sendo arrancadas e jogadas no lixo. É um prejuízo imenso para todos nós, para economia de Pilões, para as mães de família que vem diariamente, trabalhando com amor, se dedicando. E a gente todo o nosso investimento jogado no lixo”, lamenta a presidente.

Maria Helena pede apoio governamental para retomar as atividades da cooperativa. “A gente quer um recurso para começar tudo do zero de novo. Tudo o que nós tinha (sic) foi destruído porque a gente não tem a quem vender. Faço um apelo para os governantes, os órgãos públicos para que olhem com bons olhos para cá. Aqui foram as primeiras flores plantadas em estufa, a primeira floricultura da Paraíba. Se não tiver ajuda, não sei o que será desta cooperativa”, afirma.

Um grupo com participação de técnicos do Sescoop/PB e do Sebrae já está estudando alternativas para ajudar a cooperativa na reestruturação de suas atividades após a pandemia.

História de empoderamento feminino e superação

Criada em 1999, a Cooperativa de Floricultores do Estado da Paraíba (Cofep) tem uma história inspiradora, marcada pelo empoderamento feminino e pela superação. É formada por 28 cooperados, a maioria mulheres, que encontraram no cultivo das flores a independência financeira e a união para enfrentar problemas como a violência doméstica.

Com muito trabalho, elas conseguiram montar uma estrutura de produção e comercialização que virou referência em Pilões. Por sua importância social e econômica, a cooperativa recebeu vários prêmios em nível estadual e nacional, chegando a receber grupos de outros estados em busca de orientações sobre cultivo de flores e organização cooperativista.

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