“Não posso dizer que vou ser candidato porque não depende só de mim”, diz presidente da Câmara de Santana

O autarca confirma, assim, as declarações proferidas numa entrevista concedida ao DIÁRIO, no dia 17 de Novembro de 2019

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Embora assuma o desejo em ser candidato à presidência do município de Santana nas próximas eleições Autárquicas, em 2021, o actual presidente, Dinarte Fernandes, admite depender de terceiros para poder encabeçar a lista. O autarca confirma, assim, as declarações proferidas numa entrevista concedida ao DIÁRIO, no dia 17 de Novembro de 2019.

“Não posso dizer que vou ser candidato porque não depende só de mim ser candidato”, alegou em entrevista alusiva ao Dia do Concelho de Santana, transmitida esta manhã em directo pelo canal NaminhaterraTV.

Substituto de Teófilo Cunha na presidência do Município quando o mandato ia a meio, assumiu “gosto do que faço e tenho gostado de desempenhar esta função”. Ainda assim manifestou cautelas quanto à candidatura desejada: “Só depois de sentir a impressão das pessoas é que podemos avançar”, manifestou, embora deixando claro “quero ser candidato às eleições”, afirmou.

Nesta celebração ‘virtual’ o autarca do CDS não só elogiou o seu antecessor, mas também o Governo Regional.

“Vejo-me como um aluno do Teófilo Cunha” cujo maior legado deixado foi “arrumar as contas da Câmara e ter uma política de proximidade com os munícipes”. Enalteceu o agora secretário do Mar e Pescas de ser “uma pessoa de facto com contas certas. Pessoa que se preocupa com cada cêntimo investido. Se foi obcecado com as contas, ainda bem! Espero ter aprendido muito com ele nesse aspecto”, afirmou.

Assegurou ser também “boa” e “leal” a relação com o Governo Regional, embora aqui e ali com algumas coisas a melhorar.

Considera que Miguel Albuquerque demonstrou nestes últimos meses “como governar exemplarmente em tempo de crise” e sobre Pedro Ramos teceu os maiores elogios à “pessoa excepcional”.

Neste reconhecimento público não esqueceu Alberto João Jardim, com quem disse ter privado apenas uma vez enquanto autarca. Suficiente para ficar rendido a essa “máquina” política. “Uma pessoa fantástica. Era impossível não gostar dele”, confessou.

Apesar da boa relação com o poder regional, assegurou que “já lá foi o tempo que no Funchal dava uma ordem e aqui em Santana só carregávamos no botão para fazer ‘enter’. Isso acabou”, garante. “Interessa-me é servir bem Santana”, justificou.

As consequências da crise pandémica também deixam Dinarte Fernandes apreensivo em relação ao real impacto social e económico que se adivinha.

Assume que o desafio agora é lidar com a “ansiedade”, passado o “susto” inicial.

“Penso que o problema a ser grave, vai-se manifestar daqui a três ou quatro meses”, apontou.

Confirmou que à conta da covid-19 já teve “de ‘pôr na gaveta’” alguns projectos para poder ‘desviar’ dinheiro para acudir ao primeiro impacto da pandemia. Caso dos 600 mil euros de ajuda a que concorreram mais de 200 empresas do concelho. “Ficaram de fora muitos, à volta de uma centena”, revelou. Sobretudo agricultores que não cumpriam os requisitos na questão do IRS. Prometeu “abrir uma segunda fase para eles”.

Nesta entrevista realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho, Dinarte Fernandes reconheceu que o apoio à natalidade está longe de poder inverter a preocupante realidade demográfica do município.

“Perdemos 1200 pessoas em 8 anos” agravando o saldo negativo porque “em média estão a nascer 40 crianças por ano e morrem 100”. Dito isto, afirmou que “não é com 100 euros por mês (apoio à natalidade) que alguém com juízo vai ter um filho, mas ajuda”.

Assumiu ter “esperança” em ver resultado desta política, mas admitiu que “estas coisas demoram duas décadas”, alegou. Ainda assim não desiste de acreditar que a realidade um dia venha a ser bem diferente. “Acredito que um dia vamos ter uma reversão demográfica no Norte. Mas será uma coisa natural, não será uma coisa imposta”, manifestou.

A dificultar a deseja inversão reclamou que em Santana “vendem os terrenos muito caros”. Realidade que também contribui para o êxodo dos casais jovens que procuram de habitação.

Na longa entrevista., apesar de contar com 2,3 milhões de euros para investir este ano, não excluiu a “necessidade” de poder ter de recorrer à banca e anunciou novos investimentos. Com destaque para o alargamento da Estrada da Travessa “para potenciar o teleférico da Rocha do Navio”. Como está “não vai lá um autocarro. Gostaria que a estrada ficasse perfeitinha, mas há lá uma zona que a estrada não consegue alargar mais, mas vamos fazer o nosso melhor”, prometeu.

Anunciou outros investimentos, mas também fez saber que prefere primeiro concretizar e só depois anunciar que já está feito. Para não correr riscos e vir a ser criticado de falsas promessas.

Criar uma bolsa de emprego no concelho para minimizar o impacto do provável crescimento do desemprego é outra das pretensões.