Missas com povo regressam com restrições

Está a chegar ao fim o tempo em que os sacerdotes se viram obrigados a celebrar a Eucaristia em privado.

No próximo sábado, recomeçam as celebrações com a participação dos fiéis, na certeza de que serão respeitadas as orientações da Conferência Episcopal Portuguesa e das autoridades sanitárias.

Essas determinam que no acesso às celebrações, durante as mesmas e na saída, se respeite sempre a distância de dois metros. Isto reduzirá drasticamente a capacidade das igrejas. Ou seja, as comunidades terão de encontrar soluções para permitir a participação na Eucaristia a todos que o desejarem, seja transferindo as celebrações para o ar livre ou para espaços e templos maiores, seja aumentando o número de celebrações.

Também é natural que se verifique uma diminuição da afluência, pois os grupos de risco são aconselhados pelos bispos, para sua proteção, a não irem, por enquanto, às celebrações.

Uma outra exigência que afetará muito a participação das pessoas na Eucaristia é a obrigatoriedade do uso da máscara, a qual só poderá ser retirada para receber a comunhão. Para além deste elemento que, de todo, não era habitual nas nossas celebrações, será igualmente presença habitual a solução desinfetante. Os fiéis terão de desinfetar as mãos ao entrar na igreja, bem como antes e depois de se abeirarem da mesa da comunhão.

Também desaparecem das assembleias as folhas que eram utilizadas para os fiéis acompanharem o canto. Estas poderão de ser substituídas ou pela projeção dos textos em ecrã gigante ou, eventualmente, pela disponibilização dos mesmos nos telemóveis dos participantes.

Para ajudar as pessoas a adquirirem estas novas rotinas será essencial criar ou alargar as equipas de acolhimento e de apoio às celebrações. É importante que haja instruções claras acerca da forma de ocupar os lugares disponíveis e sobre o modo de sair da igreja. Contrariamente ao que era habitual, os lugares da frente deverão ser os primeiros a ser ocupados. As equipa de apoio poderão também ajudar a organizar as filas da comunhão e assistir os comungantes na desinfeção das mãos e no regresso aos seus lugares. A saída deverá ser ordenada, respeitando a distância de segurança e começando pelos que estão mais próximos das portas.

É evidente que esta forma de celebrar será diferente da que estamos habituados. Melhor do que a celebração mediática, mas, ainda assim, com muitos constrangimentos. Desde logo, a utilização das máscaras, que poderá inibir as pessoas a terem uma participação mais ativa na celebração. Dever-se-á por isso apelar aos fiéis para que se esforcem mais por participar, tanto no canto como nos diálogos da celebração.

São muitas, portanto, as restrições que a pandemia continuará a colocar aos fiéis e aos celebrantes. Todavia, é melhor celebrar assim do que celebrar para a câmara de um telemóvel. Ainda que possa celebrar sozinho, o sacerdote ordenou-se para celebrar para o povo que lhe está confiado, não para celebrar para si. Não é padre para se servir, mas para estar ao serviço.

*Padre