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Ministro da Educação, Abraham Weintraub (Foto: Agência Brasil)
NOTÍCIA

Weintraub é convocado pelo Senado a prestar esclarecimentos sobre falas em reunião ministerial

Caso não compareça para se pronunciar, ministro da Educação pode responder por crime de responsabilidade. Em reunião, ele pediu prisão de ministros do STF e desmereceu povos indígenas e ciganos

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O ministro da Educação, Abraham Weintraub, será convocado pelo Senado Federal a prestar esclarecimentos sobre falas proferidas por ele durante reunião de ministerial no dia 22 de abril. Divulgadas na última sexta-feira, 22, as imagens mostram o tirular ximgando ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de "vagabundos" e pedindo a prisão deles. Ele também afirmou odiar termos como "povos indígenas" e "povos ciganos". Informações são do G1.

A convocação do ministro foi aprovada em votação simbólica do Senado nesta segunda-feira, 25. Caso não compareça para se pronunciar, Weintraub pode responder por crime de responsabilidade, conforme a Constituição Federal. Vídeo divulgado após quebra de sigilo pelo STF no âmbito de inquérito contra Jair Bolsonaro suscitou polêmica devido ao conteúdo das declarações de ministros e do próprio presidente. 

O requerimento da convocação foi apresentado pela senadora Rose de Freitas (Pode-ES). Conforme ela, o ministro da Educação "atentou contra a dignidade dos integrantes da mais alta Corte do Judiciário brasileiro, agrediu a Capital da República e desprezou os povos indígenas, cuja integridade e cultura devem ser preservadas por preceito constitucional".

Declarações graves

Na reunião ministerial, Weintraub dispara contra o STF: "Eu, por mim, colocava esses 'vagabundos' todos na cadeia, começando no STF", diz o ministro, um dos mais próximos ideologicamente ao presidente Bolsonaro. Ele também defende "acabar com essa porcaria que é Brasília".

Na decisão que liberou o sigilo das falas, o ministro Celso de Mello destaca "aparente crime contra a honra dos ministros do STF" por Weintraub. "As expressões indecorosas, grosseiras e constrangedoras por ele pronunciadas, ensejou a descoberta fortuita ou casual de aparente crime contra a honra de integrantes do STF".

Repercussão da declarações

O ministro Marco Aurélio Mello, do STF, disse no último sábado, 23, ao Estadão, que ficou "perplexo" com o vídeo da reunião ministerial do presidente Jair Bolsonaro com o primeiro escalão do governo, marcada por palavrões, ameaças e ataques a instituições.

"Tudo lamentável, ante a falta de urbanidade. Fiquei perplexo. O povo não quer 'circo'. Quer saúde, emprego e educação", disse Marco Aurélio. "(Se eu) Fosse o presidente (da República), teria um gesto de temperança. Instaria o Ministro da Educação a pedir o boné (demissão). Quem sabe?"

Em resposta às declarações do ministro, o Instituto Cigano do Brasil (ICB) divulgou, ainda na sexta-feira, 22, uma nota em que repudia "as falas carregadas de desrespeitos e preconceito racial contra os povos ciganos e os povos originários do Brasil". A entidade solicita ação imediata da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do Ministério Público Federal (MPF) contra o ministro.

Sobre a questão, Weintraub fez expediente no Twitter para "esclarecer". "Eu sou fruto da mistura que deu origem ao POVO BRASILEIRO (inclusive índios)! Nós somos o único povo do Brasil! Parem de criar ódio com mentiras! De tentar nos dividir!", escreveu. Os destaques são do próprio ministro, que disse que foi um desabafo, "não foi um discurso pensado". O titular da Educação do governo Bolsonaro acrescentou ainda, também na rede social, que tratava-se de uma reunião fechada. "Sou realmente um cara sincero e educado, como podem constatar", acrescentou.

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