Decisão
Backer: Polícia Civil estende investigações a possíveis intoxicações em 2018
Até o momento 34 casos estão sendo apurados pelo inquérito, sendo seis possíveis mortes pela síndrome
by Bruno MenezesA Polícia Civil estendeu as investigações dos casos de síndrome nefroneural oriundos de suposta intoxicação por ingestão de cervejas da marca Backer, para casos suspeitos registrados desde 2018.
A informação foi confirmada na tarde dessa sexta-feira (14) pelo delegado da Polícia Civil que investiga o caso, Flávio Grossi.
Até então, a investigação apurava casos registrados até outubro de 2019. Até o momento 34 casos estão sendo apurados pelo inquérito, sendo seis possíveis mortes pela síndrome.
“Um dos elementos foi o surgimento de pessoas que registraram no presente, acontecimentos similares no passado. Ou seja, elas apresentavam sintomas, histórico de consumo de cerveja em 2018 e datas anteriores de consumo a outubro de 2019, somados a outros elementos investigativos, nos fez avisar aos órgãos sanitários para que eles tomassem as providências cabíveis de análise dessas vítimas e aí sim a inclusão no inquérito policial”, explicou Grossi.
De acordo o delegado, como cada caso registrado entre 2018 e outubro de 2019 ainda passarão por análise do sistema dos órgãos sanitários, ainda não é possível precisar quantas vítimas vão ser incluídas no inquérito. Apesar disso, a polícia já sabe que em todos os casos, as vítimas ingeriram cervejas da Backer.
“O que a gente pode afirmar é que existiram vítimas que, inicialmente, se apresentaram com os mesmos sintomas que estão hoje dentro daquela janela delimitada de outubro até dezembro”, pontuou Flávio Grossi.
Em relação as hipóteses sobre a forma de contaminação das cervejas, o delegado afirmou que as investigações estão em cursos, sem prazo para conclusão, devido a complexidade do caso. “Nós estamos investigando em todas as linhas. O momento de fechar hipóteses é um momento de final de inquérito. Como dito, é um inquérito complexo e a gente não pode descartar nada”, disse Grossi.
Exames no IML
Nessa semana, familiares de vítimas de suposta intoxicação por cervejas da marca Backer denunciaram a falta de reagentes no Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte, o que estaria atrasando os resultados de exames sanguíneos para detectar monoetilenoglicol e dietilenoglicol no sangue das vítimas. De acordo com o superintendente de Perícia Técnica e Científica da Polícia Civil, Thalles Bittencourt, a falta dos reagentes se deu porque a contaminação dietilenoglicol e monoetilenoglicol são casos raros no mundo.
“Então os laboratórios não tem isso em estoque. Não é esperado que tenha. Com a força tarefa nós conseguimos primeiro o reagente do dietilenoglicol e agora conseguimos do monoetilenoglicol. Então é dentro de um tempo lógico, dentro do serviço público, de aquisição e recebimento pelo fornecedor de reagente”, explicou Thalles Bittencourt.
Até o momento, quatro exames foram realizados no IML, sendo um de uma vítima que morreu e três de vítimas que estão internadas. Em todos os exames foi encontrada a presença de dietilenoglicol. Como somente essa semana o IML conseguiu adquirir o reagente que aponta a presença de monoetilenoglicol no sangue, as amostras que já possuem resultados para dietilenoglicol passarão por novos exames.
“Nós estamos agora validando a metodologia para monoetilenoglicol, para a próxima semana, e acredito que em até 15 dias tenhamos novos resultados tanto nos lotes de cerveja, quanto para os exames de sangue para os pacientes”, explicou Bittencourt.