Exames comprovam herpes como causa da morte de macacos em Aldeia

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Macacos foram encontrados mortos em condomínio localizado em Aldeia, em Camaragibe, no Grande Recife — Foto: Camila Torres/TV Globo

Os macacos encontrados mortos em Aldeia, no município de Camaragibe, no Grande Recife, tiveram como causa do óbito herpes. O vírus foi encontrado nos seis dos animais que passaram por exames, segundo a Secretaria de Saúde do estado. Ao todo, 17 macacos haviam sido encontrados mortos entre dezembro e janeiro na região, mas 11 estavam estado avançado de decomposição e não foi possível examinar.

“Podemos afirmar com segurança que a causa da morte foi o herpes”, disse o secretário estadual de Saúde, André Longo.

O laudo foi divulgado nesta sexta-feira (14), durante coletiva que também apresentou os detalhes do plano de combate para arboviroses neste ano, realizada na sede da secretaria, no bairro do Bongi, no Recife. Entre as ações, está a implantação de um projeto para diminuir a capacidade dos mosquitos transmitirem doenças.

Inicialmente, uma das hipóteses da morte dos primatas era febre amarela, mas exames anteriores já haviam descartado essa possibilidade. O secretário lembrou que não há registro em Pernambuco de casos de febre amarela. Ainda assim, como já foi previsto pelo Ministério da Saúde, a vacinação contra a doença vai ser iniciado em todo o estado após o carnaval.

“A partir de março, os postos de saúde também oferecerão para toda população a vacina contra febre amarela, mesmo que não haja vírus em Pernambuco. É uma medida de prevenção”, afirmou.

Herpes e exames

A gerente de Controle de Arboviroses do estado, Valdenice Pontes, explicou que o herpes é passado de primata para primata e é letal para os macacos.

“Dos seis macacos encontrados, um deles tinha lesões características do herpes. Por ser filhote e estar no mesmo local, provavelmente estava no mesmo bando dos outros. Herpes nesses animais é letal”, explicou.

Os primeiros exames realizados detectaram herpes em apenas dois dos animais. “Os outros quatro precisaram fazer outros tipos de exames porque, na primeira vez, não foi examinada a víscera alvo que deveria: o cérebro”, explicou. Posteriormente, veio a confirmação de um quadro de herpes em todos os macacos.

Os exames foram realizados pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Combate a arboviroses

Nas seis primeiras semanas de 2020, o número de casos notificados de dengue, chikungunya e zika apresentou redução de 45%, 46% e 57%, respectivamente. Entretanto, a diminuição de casos suspeito não significa que não exista risco. Neste ano, o investimento é de R$ 8,8 milhões nas ações de controle e combate às doenças.

“A grande mensagem é dizer que não pode baixar a guarda. Temos que estar sempre alertas porque ainda tem mosquito circulando e há uma perspectiva epidêmica, embora os números iniciais de Pernambuco não apontem para isso”, disse o secretário.

Como medidas anunciadas pela secretaria estão a ampliação dos exames realizados no Laboratório Central de Saúde Publica (Lacen-PE), que passa a fazer o diagnóstico de febre amarela por biologia molecular em soro e vísceras; e do uso do aplicativo e-visit@PE, que auxilia o trabalho de controle dos agentes comunitários de endemias, além da implantação do Método Wolbachia, em Petrolina.

Segundo a SES, a Wolbachia é uma bactéria presente em mais de 60% dos insetos no mundo. Em laboratório, pesquisadores introduzem a bactéria, que é retirada da mosca-da-fruta, nos ovos de Aedes aegypti. Com isso, segundo os pesquisadores, é possível diminuir “drasticamente” o poder de transmissão de dengue, chikungunya e zika pelos mosquitos infectados.

Estatísticas

Ao todo, o estado investiga seis mortes suspeitas de relação com arboviroses. Até o dia 8 de fevereiro, foram notificados 1.341 casos de dengue em 111 municípios do estado. Destes, 178 foram confirmados e 241, descartados. No mesmo período do ano anterior, foram 2.464 suspeitos.

Em relação a chikungunya, foram 237 casos notificados em 39 municípios do estado, sendo 15 casos confirmados e 90 descartados, enquanto nas seis primeiras semanas do ano anterior foram 441 notificações.

Os casos de zika foram de 91 casos suspeitos neste ano, contra 216 notificados no ano anterior. Dos 91 casos, nenhum foi confirmado e 73 foram descartados.