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Fotografia: Álvaro Isidoro / Global Imagens

"O mister Jorge Jesus disse a Bruno de Carvalho para não ir à Academia"

Alexandre Godinho, "vice" de Bruno de Carvalho, foi hoje ouvido no Tribunal de Monsanto, no âmbito do processo do ataque à academia de Alcochete. Contou que, na reunião de 7 de abril, "Rui Patrício foi insolente" e "William Carvalho acusou o presidente de ter mandado fazer estragos nos carros dos jogadores".

Alexandre Godinho, antigo vice-presidente do Sporting, afirmou, esta sexta-feira, em tribunal, que o treinador Jorge Jesus disse ao então presidente Bruno de Carvalho para não se deslocar à academia do clube, após a invasão de maio de 2018. Segundo Alexandre Godinho, a estrutura diretiva estava reunida em Alvalade, quando o assessor José Ribeiro interrompeu e disse: "Há problemas na academia."

"O presidente [Bruno de Carvalho] pediu então ao José Ribeiro para avisar que iria para a academia e, pouco depois, ele disse: 'Já fiz o contacto, mas o mister [Jorge Jesus] disse para não ir", afirmou, acrescentando: "O Bruno de Carvalho disse que não estava a pedir autorização, estava apenas a informar que ia."

Alexandre Godinho, que também foi vogal do Conselho Diretivo do Sporting, falou igualmente de uma reunião com o plantel, em 7 de abril, depois de um post (mensagem) de Bruno de Carvalho nas redes sociais a criticar o comportamento dos jogadores frente ao Atlético de Madrid [2-0], para a Liga Europa, na qual, disse que "os capitães não se terão portado bem".

"Houve troca de acusações por parte dos jogadores, situações chatas, os capitães não se terão portado muito bem, o trato como que se dirigiam foi corrigido pelo presidente. O Rui Patrício foi insolente e o William Carvalho acusou o presidente de ter mandado fazer estragos nos carros dos jogadores", afirmou.

Alexandre Godinho, que, entretanto, foi expulso de sócio do Sporting, disse ter ouvido "numa sala contígua" a reunião da direção com a equipa técnica, realizada em 14 de maio de 2018, um dia depois da derrota com o Marítimo (2-1), que afastou a equipa do segundo lugar da I liga e, consequentemente, da pré-eliminatória da Liga dos Campeões.

"Foi dito que não se contava com a equipa técnica para a próxima época", afirmou Alexandre Godinho, aludindo a uma cláusula de rescisão de nove milhões, que estaria a dificultar o despedimento imediato.

Antes do antigo vice-presidente, foram ouvidos, também como testemunhas abonatórias de Bruno de Carvalho, o hoquista João Pinto e o andebolista Carlos Carneiro.

Ouvido via Skype a partir de Itália, onde alinha no Lodi, João Pinto referiu a "relação familiar entre o presidente e a equipa de hóquei em patins". "Ele vibrava com as vitórias e ficava triste com as derrotas, como nós", afirmou o jogador, que no sábado defronta a antiga equipa para a Liga Europeia de hóquei em patins.

Carlos Carneiro, capitão da equipa de andebol, falou de Bruno de Carvalho como "o presidente que tinha uma cultura de exigência, como se impunha a um presidente, mas que era muito próximo da equipa".

O julgamento da invasão à academia do Sporting, em Alcochete, em 15 de maio de 2018, prossegue na terça-feira, com a audição de várias testemunhas, entre as quais Eduardo Barroso, antigo presidente da mesa da Assembleia Geral, Carlos Vieira, antigo vice-presidente da direção de Bruno de Carvalho, e Pinto da Costa, presidente do FC Porto, que será ouvido por videoconferência.

O processo, que está a ser julgado no tribunal de Monsanto, tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Bruno de Carvalho, à data presidente do clube, Mustafá, líder da Juventude Leonina, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados de autoria moral de todos os crimes.