Na 3ª fase, impasse de operação contra Aedes é “mosquito de estimação”

Prefeito Marquinhos Trad (PSD) afirma que 80% dos focos são encontrados dentro das casas dos moradores de Campo Grande

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São esses profissionais, agentes de endemia, que realizam o trabalho de limpeza nas casas (Foto: Marcos Maluf)

Em Campo Grande a população tem mosquito de estimação. Os criadouros de Aedes Aegypti dentro das casas das pessoas são, para a administração da cidade, o grande impasse no combate a proliferação desse vetor de doenças como a dengue, que já fez 3 vítimas fatais na cidade. A operação de limpeza dos agentes de endemias, “Mosquito Zero”, entra na terceira etapa percorrendo, desde o dia 12, os bairros da região do Bandeira.

A etapa foi lançada em solenidade na Escola Municipal Iracema Maria Vicente, no Bairro Rita Vieira na manhã desta sexta-feira (14). Do lado de fora, três caminhões basculantes e uma máquina escavadeira indicam o perfil do “inimigo” da saúde quando o assunto é dengue: os acumuladores.

Estacionados na Rua Rotterdam, os veículos são destinados especialmente às residências onde o acúmulo dos chamados “materiais inservíveis”, ou seja, objetos diversos que já não tem mais utilidade.

Secretário de saúde e prefeito falaram para plateia lotada e formada apenas por agentes de endemias, os responsáveis pelo difícil trabalho de entrar nas casas onde muitas vezes é necessário acionar a polícia para conseguir acesso.

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Prefeito Marquinhos Trad em solenidade da 3ª etapa do Mosquito Zero nesta sexta-feira (14) (Foto: Marcos Maluf)

Mosquito doméstico – Ao comentar a dificuldade no combate, o prefeito Marquinhos Trad citou a realidade da cidade onde “80% dos focos são encontrados dentro das casas”.

“É um alerta para que as pessoas se conscientizem de uma vez por todas. A administração está fazendo a sua parte, 80% dos focos foram encontrados dentro de imóveis residenciais. As pessoas muitas vezes dificultam a entrada dos agentes”, disse.

Secretário municipal de saúde, José Mauro Filho informou que entre os 11 materiais mais encontrados durante o trabalho dos agentes, baldes, tambores, recipientes de água para animais, lonas e até privadas fazem parte da lista.

“O trabalho tem que ser dentro da residência. A gente observa que os criadouros são materiais domésticos, não são materiais que estão na rua ou em terrenos”, comentou.

Até o dia 21 as equipes vão percorrer os bairros Jardim Itamaracá, Rita Vieira, Moreninhas III e Tirantes. Para o secretário, a população “cria o mosquito igual cria um cachorro”. “A gente criou os meios necessários para se criar o mosquito assim como a gente cria o cachorro. A gente dá comida, dá água, dá moradia. A gente tá criando esse inseto como se fosse animal de estimação”, disse Mauro Filho.

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Secretário municipal de saúde José Mauro Filho (Foto: Marcos Maluf)

Números – Na última etapa que percorreu o Anhanduizinho, aproximadamente 20 bairros foram percorridos, 10.938 imóveis vistoriados, 528 focos eliminados e 182 viagens de caminhões basculante realizadas. Foram retirados, aproximadamente, 2.183 metros cúbicos de materiais inservíveis. Apenas na casa de um acumulador, dois caminhões com duas toneladas de materiais resultaram do descarte.

Em Campo Grande, a última morte foi de Eduardo Borges Ortega, de 9 anos. Este ano, a dengue que acomete a população é a mesma do ano passado, a chamada tipo 2. O vírus tem quatro sorotipos, de 1 a 4. Cada vez que uma pessoa adquire essa infecção, ela produz anticorpos que atuam contra o tipo específico, mas pode propiciar uma reação mais intensa do organismo quando há nova infecção por outro tipo de vírus da dengue.

Mato Grosso do Sul é o segundo estado em números de contágio e só perde para o Acre (92,41) no ranking de estados com maior incidência de dengue no País este ano. Hoje, 48 cidades do Estado apresentam índice de dengue considerado de epidemia pela OMS (Organização Mundial de Saúde), com mais de 300 casos notificados por 100 mil habitantes. A situação mais grave é em Pedro Gomes e Corumbá.

O último boletim epidemiológico da dengue divulgado pela SES aponta que Mato Grosso do Sul registrou 2.829 casos nos 43 primeiros dias do ano, média de 65,7 a cada dia. Neste mesmo período, 11 pessoas morreram em decorrência da doença.

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