Falece reconhecido astrônomo jesuíta que dirigiu Observatório Vaticano por quase 30 anos
NOVA IORQUE, 14 Fev. 20 / 02:00 pm (ACI).- Após uma dura batalha contra o câncer, faleceu, aos 87 anos, o sacerdote jesuíta norte-americano George Coyne, respeitado e influente astrônomo que liderou por 28 anos o Observatório do Vaticano.
O sacerdote morreu de câncer de bexiga na noite de terça-feira, 11 de fevereiro, no Hospital Universitário Upstate, em Syracuse (Nova York).
O Observatório Vaticano assinala em seu comunicado que, durante seu mandato como diretor da instituição do Vaticano, entre 1978 e 2006, Pe. Coyne supervisionou a modernização do papel do Observatório no mundo da ciência, acolhendo vários jovens astrônomos jesuítas de todo o mundo, incluindo África, Ásia e América do Sul.
Também sob sua liderança, o Grupo de Pesquisa do Observatório do Vaticano foi estabelecido na Universidade do Arizona e, graças a isso, foi possível construir o Telescópio de Tecnologia Avançada do Vaticano, com o primeiro espelho giratório do mundo.
O Observatório reconhece Pe. Coyne por "promover o diálogo entre ciência e teologia ao mais alto nível".
Em estreita colaboração com São João Paulo II, o astrônomo jesuíta organizou, na década de 1990, uma série de palestras sobre “A ação de Deus no universo” na sede do Observatório em Castel Gandolfo (Itália), junto ao Centro de Teologia e Ciências Naturais de Berkeley, Califórnia.
Quando Pe. Coyne se retirou completamente do Observatório do Vaticano em 2012, assumiu a cátedra de Filosofia Religiosa na Universidade Le Moyne, uma universidade católica da Companhia de Jesus, em Nova York.
Em um comunicado, a casa de estudos sustentou que a experiência de Pe. Coyne no campo da astronomia e seus "pontos de vista reflexivos sobre o debate ciência versus religião" o levaram à notoriedade mundial. Do mesmo modo, indica que foi considerado um dos cientistas jesuítas mais respeitados e influentes do mundo.
“Estamos profundamente entristecidos pela morte do padre Coyne. Sua influência em muitas frentes foi profunda. Em primeiro lugar, como astrônomo, era um intelectual de classe mundial muito respeitado por outros por suas pesquisas e erudição. Le Moyne teve o privilégio de tê-lo aqui nos últimos oito anos e passou os últimos anos de sua vida fazendo o que amava: ensinar jovens sobre astronomia. Seus colegas jesuítas, seus colegas de faculdade e todos no Colégio sentirão muita sua falta”, disse Linda LeMura, diretora de Le Moyne.
A universidade ressalta que seus interesses de pesquisa são muito variados e incluem o estudo da superfície lunar, os antecedentes dos programas Ranger e Apollo da NASA, até o nascimento das estrelas.
Além disso, a Universidade de Le Moyne, em Nova York, o reconhece como pioneiro de uma técnica especial conhecida como "polarimetria", uma ferramenta útil na pesquisa astronômica; e por ter estudado "estrelas variáveis cataclísmicas, estrelas binárias onde uma estrela é um objeto superdenso que está capturando a matéria de sua companheira".
Publicou mais de 100 artigos em revistas científicas revisadas e foi autor e editou vários livros.
Pe. Coyne nasceu em 19 de janeiro de 1933 em Baltimore, Maryland, e formou-se em matemática e filosofia na Universidade de Fordham, em 1958. Realizou um estudo espectrofotométrico da superfície lunar para concluir seu doutorado em astronomia na Universidade de Georgetown, em 1962.
Foi membro da Companhia de Jesus desde os 18 anos. Concluiu a licenciatura em teologia sagrada em Woodstock College, Maryland, e foi ordenado sacerdote católico em 1965.
Além disso, foi membro da União Astronômica Internacional, da Sociedade Astronômica Americana, da Sociedade Astronômica do Pacífico, da Sociedade Física Americana e da Sociedade Óptica da América. Recebeu vários diplomas honoris causa ao longo de sua vida.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.