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Vigília em Valpaços contra a violência
Foto: Rui Manuel Ferreira / Global Imagens

Mesa da Santa Casa da Valpaços com voto de confiança para continuar

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A Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Valpaços recebeu, esta quinta-feira à noite, um voto de confiança da esmagadora maioria dos irmãos reunidos em assembleia geral.

A reunião magna foi requisitada pela própria Mesa, na sequência da denúncia da existência de maus tratos sobre utentes no Lar de São José, naquela cidade.

De acordo com António Araújo, vice-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Valpaços, a reunião serviu para "debater as motivações do que aconteceu e quais as soluções que teriam de se encontrar para debelar uma situação que em nada dignifica a imagem da instituição".

O responsável sublinhou que foi "uma reunião pacífica" e com "muita adesão" dos irmãos da Misericórdia. A Mesa Administrativa "pediu um voto de confiança" e "em 98 irmãos presentes, obteve 97 votos de confiança para se manter em atividade".

A partir de agora, a Mesa tem "o dever acrescido de solucionar o problema, com toda a energia e com toda a vontade transmitida pelos irmãos da instituição".

A reunião da assembleia geral terminou cerca de duas horas depois do fim de uma vigília que concentrou, a poucas dezenas de metros de distância, pouco mais de 100 pessoas em protesto contra todo o tipo de maus tratos a idosos, nomeadamente os que vivem em lares de terceira idade.

A concentração foi organizada por Jorge Araújo, o enfermeiro que recentemente denunciou a existência de maus tratos no Lar de São José, após ter visualizado imagens de vídeo gravadas no quarto que os pais ocupavam. Segundo disse, provam o tratamento que considera ser "desumano" e, por isso, avançou com uma "queixa em tribunal" contra a Santa Casa Misericórdia de Valpaços, que gere o lar.

O pai de Jorge, António Araújo, morreu, com 93 anos, em meados de janeiro. Para esclarecer as causas da morte, o filho exigiu que fosse realizada a autópsia e ainda aguarda os resultados. A mãe, de 92 anos, foi retirada da instituição e colocada numa família de acolhimento.

Na sequência da polémica, a Santa Casa da Misericórdia suspendeu temporariamente nove funcionárias daquele lar, até que fique concluído o inquérito interno. O vice-provedor, António Araújo, esclareceu, esta quinta-feira à noite, que "o processo ainda está a decorrer", mas que três das nove funcionárias "já regressaram" ao trabalho, porque "não havia indícios de crime praticado por elas". Ainda "poderá, eventualmente, haver algum tipo de processo ou repreensão disciplinar", mas ainda se aguarda a "elaboração da nota de culpa final".

Entretanto, foram suspensas mais duas funcionárias, o que quer dizer que neste momento há oito pessoas afastadas de funções no Lar de São José, em Valpaços.

"O inquérito está a decorrer com tranquilidade e aquilo que esta Mesa Administrativa pretende é apurar os factos, saber o que se passou e quem os praticou, para encontrar uma solução para que estas situações não se repitam", sublinhou António Araújo.