Eutanásia: uma manif contra no Porto e um debate médico em Lisboa

E todos os antigos bastonários médicos disponíveis para audiência com Marcelo em Belém. Parlamento discute morte assistida já no dia 20

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Uma manifestação no Porto pelo referendo. E um debate médico (com o carimbo da Ordem dos Médicos) em Lisboa. Eis duas iniciativas que ocorrerão nas vésperas do debate e votação das cinco propostas sobre a despenalização da morte assistida no Parlamento. 

A 18 de fevereiro, dois dias antes da discussão na Assembleia da República, a Ordem dos Médicos vai organizar um debate que procurará responder à dúvida: "Se a eutanásia for despenalizada, tem de haver alterações no código deontológico?"

"Esta questão do código deontológico é importante e nunca foi verdadeiramente valorizada", explica à SÁBADO o bastonário Miguel Guimarães. 

"Alguns médicos que defendem eutanásia dizem que a Ordem não deve dizer nada. No dia 5 tomei posse como bastonário [para um segundo mandato] e disse que ia cumprir aquilo que é o Código Deontológico dos médicos diz e claramente proíbe a eutanásia e a distanásia", assume o bastonário. 

O encontro, na sede em Lisboa, contará com a participação da comunidade médica, de deputados envolvidos no processo legislativo e será aberto à participação do público. 

Marcelo com todos os bastonários?
O bastonário quer também apresentar argumentos ao Presidente da República e aguarda ainda por resposta ao pedido de audiência com Marcelo. 

O encontro só poderá ocorrer depois de o chefe de Estado regressar da Índia, onde está em visita oficial. Quando tal suceder, Miguel Guimarães irá acompanhado de todos os bastonários dos médicos ainda vivos: além de si próprio, estarão José Manuel Silva, Pedro Nunes, Germano de Sousa, Carlos Ribeiro e Gentil Martins. 

Protesto no Porto este sábado
Outro evento, que vai exigir o referendo, decorre já este sábado, pelas 15h, na Praça D. João I, no Porto. 

O bastonário dos médicos, Miguel Guimarães, foi um dos convidados por Jorge Pires, o organizador da manifestação, mas recusou o convite porque, à exceção da ida a um debate televisivo esta noite e do outro debate na sede da Ordem dos Médicos, pretende manter a equidistância. 

Sob o lema "Portugal quer cuidar, Portugal não quer matar", o objetivo é "dar força a que a eutanásia não seja discutida e aprovada sem que a população seja ouvida", explica à SÁBADO Jorge Pires. "Queremos travar o processo."

No protesto, será dada a voz a médicos, enfermeiros e juristas. Uma forma de fazer o debate entre cidadãos, que Jorge Pires entende estar a ser recusado ao nível político: "Não há vontade de esclarecer as pessoas. Se há dois anos [da primeira vez que o tema foi levado a plenário e chumbado pelos deputados] houve debate e perdeu o sim à eutanásia, por que [motivo] agora se aprova sem um debate sério?"

Jorge Pires, que fundou a Associação Pediátrica Oncológica do São João e denunciou os problemas nas instalações e o atraso no avanço da construção de uma nova ala infantil, tornou-se recentemente o responsável pelo Chega no Porto. Sublinha, contudo, que esta é uma "manifestação apartidária", para a qual convidou todos os partidos que têm uma posição semelhante. "Fui convidar o PCP pessoalmente", referiu, numa altura em que ainda não tinha resposta sobre a disponibilidade dos comunistas.