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Foto: Arquivo/Global Imagens

67% dos jovens aceitam violência no namoro

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67% dos jovens consideram normal a ocorrência de, pelo menos, uma situação de violência no namoro e 58% assume já ter sido vítima. Foi a essa conclusão a que chegou um estudo da UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta), apresentado nesta manhã de sexta-feira, Dia dos Namorados.

Apesar de, no último ano, se ter verificado uma descida nos indicadores de vitimização e legitimação da violência no namoro, a UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) considera que ainda "há um longo percurso a fazer ao nível da consciencialização" do problema da violência no namoro.

É que, segundo um estudo, apresentado nesta manhã de sexta-feira, 67% dos jovens ainda considera normal a ocorrência de, pelo menos, uma forma de violência no namoro. E 58% admite já ter sido vítima.

"Entre 2019 e 2020, sentimos uma diminuição em todas as questões. Em alguns casos de 14% e noutros de 50%. Ainda assim, não podemos tirar ilações imediatas", considera a presidente da UMAR, Maria José Magalhães, embora reconheça ter a esperança de que isto signifique que o trabalho de sensibilização começa "a dar frutos". "O ciúme e as redes sociais ainda são uma área muito cinzenta", nota Maria José Magalhães.

Segundo o estudo, revelado esta sexta-feira, a maior parte das situações legitimadas num namoro, mais especificamente 24%, prende-se com a violência sexual. Com a mesma percentagem de 24% a perseguição. E com 16% a violência psicológica.

"6% dos inquiridos revelou que já foi vítima de violência física, a que não deixa marcas", aponta uma das autoras do estudo, Cátia Pontedeira, considerando uma percentagem preocupante dada a faixa etária dos inquiridos. É que o estudo, que é realizado pelo quarto ano consecutivo, conta com uma amostra de 4598 jovens, inseridos em turmas do 7º ao 12º anos de escolaridade, de todo os distritos do país. "São jovens dos 11 aos 21 anos, o que dá uma média de 15 anos de idade", acrescentou Cátia Pontedeira.

Os jovens foram convidados a responder a um questionário constituído por 15 questões, agrupadas em seis categorias de formas de violência. Dos perto de 4600 jovens que responderam ao inquérito, 56% eram raparigas e 43% rapazes.

"Este contributo deste estudo é fundamental para tomarmos as melhores decisões em termos de intervenção", considerou a Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro, revelando que o Governo lançou, ainda esta sexta-feira, Dia dos Namorados, uma nova campanha de prevenção, em parceria com o movimento "Não é normal".

"O mais chocante é a legitimação, a forma como muitas das nossas crianças e jovens consideram certos comportamentos normais", apontou Rosa Monteiro.