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Asteroide de bilhões de anos pode explicar formação do Sistema Solar

O asteroide Arrokoth se encontra além de Plutão, e aparenta ter sido formado após o colapso de uma nuvem de partículas de rochas

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Nada que vemos é realmente "primordial". Quase todos os átomos do nosso planeta foram processados de alguma maneira, seja por seres humanos, pelo núcleo da Terra, pelo Sol ou por outras influências. Mas no último dia de 2019, a missão New Horizons passou por um dos objetos mais primitivos do Sistema Solar: Arrokoth, um objeto muito além de Plutão que permaneceu praticamente imperturbável desde sua formação, bilhões de anos atrás.

Hoje, os cientistas estão lançando um trio de artigos (1, 2, 3) na revista Science, aprofundando as propriedades de Arrokoth, sua geologia e como ele se formou. Não apenas lançam luz sobre a verdadeira natureza dos objetos gelados do Cinturão de Kuiper, nas regiões distantes do Sistema Solar, como também fornecem fortes evidências sobre como os planetas se formam, de maneira mais geral.

O astrônomo Marc Buie descobriu Arrokoth, anteriormente chamado MU69, usando o Telescópio Espacial Hubble, em 2014. A rocha é uma formação clássica do Cinturão de Kuiper, um objeto em local distante, com órbita circular e relativamente sem modificações, fora da influência gravitacional de Netuno. A equipe do New Horizons selecionou o objeto como o próximo passo depois da missão em Plutão. Ao se aproximar do objeto, a sonda espacial o examinou com um conjunto de dispositivos de imagem, detectores de plasma e poeira e receptores de rádio.

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A imagem original de Arrokoth do Hubble mostrou apenas uma mancha. Depois de muita especulação sobre o verdadeiro formato do corpo celeste, o sobrevoo revelou um haltere achatado de 36 quilômetros de extensão, sem anéis, satélites ou poeira nas extremidades, com pontos e poços de brilho variável. Os pesquisadores puderam mergulhar na natureza do objeto com os resultados obtidos pela sonda.

A superfície vermelha e uniforme de Arrokoth mostra metanol congelado e materiais orgânicos, mas nenhuma água detectada, de acordo com um dos artigos. Crateras e depressões com material de cor mais leve demarcam sua superfície relativamente lisa, e parecem datar da era mais antiga do Sistema Solar, pelo menos quatro bilhões de anos atrás. Diferentemente de outros cometas e asteroides que mostram sinais de erosão causada pelo calor do Sol e impactos de alta energia, a superfície do Arrokoth parece ser o resultado de interações de baixa energia entre objetos que se movem lentamente.

Os resultados permitiram que os cientistas escrevessem uma história mais completa sobre a formação do corpo celeste. Uma nuvem de muitas partículas pequenas e sólidas teria entrado em colapso em um par de rochas que co-orbitam, com base no alinhamento dos lobos. Essas rochas teriam lentamente perdido impulso, talvez por atrito, e se fundido na forma final de dois lóbulos. Não há evidências de que os lóbulos tenham se comprimido a partir de um impacto de alta velocidade quando se uniram.

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Encontrar um objeto com evidências tão significantes sobre sua formação podem ter consequências profundas para nosso entendimento de formação planetária. Esse processo também poderia ser o mesmo de como os planetas se formaram.

Caso o conhecimento adquirido com Arrokoth se aplique a outros objetos no espaço, seria o suficiente para descartar outras teorias de formação planetária, como a acumulação hierárquica pela qual os planetas se formam a partir da colisão de peças aleatórias cada vez maiores (contra uma nuvem em colapso no caso do Arrokoth).

A única maneira de responder as perguntas levantadas é visitando outros objetos do Cinturão de Kuiper, e a equipe da New Horizon está atualmente procurando seu próximo alvo.

Via: Gizmodo