BE quer abertura de inquérito à morte de um homem no Hospital de Lamego
O Bloco de Esquerda defendeu, esta sexta-feira, a abertura de um inquérito e o acesso ao relatório final à morte de um homem, na segunda-feira, no Hospital de Lamego após ter esperado seis horas para ser atendido na urgência.
Em comunicado, o Bloco de Esquerda (BE) disse ter enviado perguntas à ministra da Saúde, Marta Temido, sobre o caso, nomeadamente sobre se o Governo tem conhecimento da situação e se a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) vai abrir um inquérito ao atendimento prestado ao utente nas urgências do Hospital de Lamego.
As perguntas surgem depois, de o Governo e o Hospital já se terem pronunciado sobre a abertura de um inquérito interno. Nas questões apresentadas ao Ministério da Saúde, o BE pede também o acesso ao resultado do inquérito.
O BE quer igualmente saber se o Governo prevê para breve "a reabertura de alguma das especialidades que foram subtraídas àquele hospital" como são o caso da urgência pediátrica, da ortopedia, da obstetrícia ou da urologia".
De acordo com o bloco, algumas destas especialidades foram removidas com a promessa de reabrirem aquando da mudança para as atuais instalações.
O BE quer também que o Governo esclareça se existem "recursos humanos necessários" ao funcionamento daquela unidade hospitalar, se foram acautelados os reforços necessários" ao aumento da procura e que esforços estão a ser feitos para "fomentar a contratação de pessoal clínico e evitar o recurso à subcontratação".
Contudo, um dia antes de o BE ter enviado as perguntas ao Governo, o Ministério da Saúde garantiu estar a seguir "com toda a atenção" o caso da morte de um homem de 65 anos, na segunda-feira, após uma espera de seis horas para ser atendido no Hospital de Lamego.
"Acompanharemos isso com toda a atenção e estamos em articulação com a direção do hospital", declarou a ministra da Saúde, Marta Temido.
Falando aos jornalistas portugueses, em Bruxelas, no final de uma reunião extraordinária de ministros da Saúde da União Europeia sobre o surto do Covid-19, a responsável explicou que, no caso da morte após espera nas urgências, "houve já a abertura de um inquérito interno, nesta fase".
"Depois, o encaminhamento do inquérito dependerá daquilo que, ao nível interno e a curto prazo, possa ser encontrado", acrescentou Marta Temido.
A governante adiantou que a abertura de uma eventual investigação pelo Ministério Público "dependerá das conclusões preliminares [do inquérito interno] e poderá acontecer".
Já na quarta-feira, o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) anunciou que vai averiguar as circunstâncias da morte.
Em comunicado, o CHTMAD explicou que, na segunda-feira, "a afluência ao serviço de urgência da unidade de Lamego foi excecionalmente alta, quando comparada com os dias anteriores".
O doente "teve um agravamento do estado clínico" e foi "assistido no local e encaminhado para a sala de emergência", tendo acabado por morrer, acrescentou.
O CHTMAD referiu que nesse dia, entre as 8 e as 20 horas, foram atendidos 128 doentes, sendo que 116 receberam a pulseira amarela ou a laranja na triagem.
O jornal Correio da Manhã noticiou que o homem, que tinha uma doença pulmonar, "morreu nos braços da mulher depois de ter estado seis horas à espera para ser atendido por um médico na urgência do Hospital de Lamego", no distrito de Viseu.
"A família está revoltada e acusa a unidade de saúde de negligência médica", acrescentou a publicação.