Globo engavetou novela inspirada no caso Madeleine; projeto era de Aguinaldo Silva
Marina Ruy Barbosa também seria a protagonista desta trama
by Daniel RibeiroAos 76 anos de idade, 40 deles dedicados à dramaturgia da Globo, onde ainda mantém os seus últimos dias de contrato, Aguinaldo Silva deixou a emissora com vários projetos engavetados. Entre eles, a sinopse de novela inédita em que escreveu como opção de substituição de O Sétimo Guardião, que em 2017 sofreu uma acusação de plágio envolvendo a sua autoria.
O RD1 obteve acesso com exclusividade aos detalhes inéditos desta história, que ganhou o título provisório de Enquanto o Lobo Não Vem. A trama se inicia com o desaparecimento da mocinha (que também seria interpretada por Marina Ruy Barbosa), possivelmente sequestrada pelo “lobo mau” da história, por quem ela se apaixonaria.
De acordo com a sinopse, a figura folclórica seria interpretada por um homem mais velho, e não por Bruno Gagliasso – par romântico da ruiva em O Sétimo Guardião.
O desaparecimento da menina atrai os olhares do mundo para aquele pequeno vilarejo. O local, que era praticamente isolado de tudo, se desenvolve a partir deste acontecimento e muitos cultos religiosos são feitos rotineiramente por lá.
A família da menina, muito tradicional na cidade, também se aproveita da lenda do lobo mau para ganhar dinheiro – a mãe da personagem seria interpretada por Elizabeth Savalla, já a vilã, seguindo a escalação de O Sétimo Guardião, ficaria a cargo de Lília Cabral.
A volta da garota ao local daria início a uma reviravolta na história. Muita gente da família, inclusive, iria preferir que ela nunca tivesse voltado. Este acontecimento da sinopse, aliás, foi responsável pela desistência da Globo de produzir o folhetim, já que teria muita semelhança com a trama central de Segundo Sol, onde personagens também se beneficiaram com a “morte” de Beto Falcão (Emílio Dantas).
Para o mote central de Enquanto o Lobo Não Vem, Aguinaldo Silva se inspirou no caso real de Madeleine McCann, a menina britânica que desapareceu em Portugal em 2003 e nunca mais foi encontrada, gerando enorme repercussão na imprensa do mundo todo. O dramaturgo, aliás, estava em Portugal, onde tem casa, quando escreveu a história.
Mudanças no texto atrapalharam O Sétimo Guardião
Após engavetar o projeto de Enquanto o Lobo Não Vem, a Globo apostou todas as suas fichas em O Sétimo Guardião e comprou a briga do autor com os seus-alunos, mas pediu mudanças na sinopse para afastar qualquer problema jurídico. Aguinaldo teve que mexer no segredo da fonte misteriosa: as águas misteriosas não mais trariam a juventude eterna, como pensada inicialmente, e sim teriam o poder da cura.
A mudança não foi um simples detalhe e acabou modificando toda a estrutura da história, já que a vilã Valentina Marsalla, dona de uma fábrica de cosméticos, não convenceria mais o público por sua obsessão pela fonte.
Outra mudança importante foi na personagem que acabou sendo interpretada por Nanny People. O perfil criado inicialmente era de um homem psicopata, que trabalhava como perfumista e tinha Valentina como cúmplice.
Nos textos iniciais, ele mudaria a aparência após cometer um crime e também tinha muito interesse pela fonte da juventude. O personagem era descrito por ex-alunos de Aguinaldo como o mais complexo do roteiro e foi inspirado no filme francês O Perfume (2007).
Quando solicitado para fazer mudanças no roteiro, Silva alterou totalmente a trama que envolvia o perfumista e convidou Renata Sorrah para o lugar, como forma de trazer de volta à TV a lendária Nazaré de Senhora do Destino (2004).
A ideia de mudar a aparência como forma de disfarce continuaria existindo, mas desta vez a personagem seria uma transexual.
A Globo não aprovou e exigiu que o papel fosse destinado à uma atriz de fato transexual ou travesti, como mandava o roteiro, e foi aí que surgiu a ideia de Nanny People, um dos destaques da trama.
O apoio de amigos
O novelista recebeu muitas mensagens de muitos amigos assim que sua demissão foi anunciada pela Globo, mas sem pesares: os mais íntimos do autor sabem que ele não ficará muito tempo sem trabalhar.
O RD1 apurou que o veterano está se dedicando aos textos de uma peça de teatro e que terá reuniões para definir o seu futuro profissional a partir do dia 29 de fevereiro, quando encerra o seu contrato com a emissora carioca.
Daniel Ribeiro cobre televisão desde 2010. No RD1, ao longo de três passagens, já foi repórter e colunista. Especializado em fotografia, retorna ao site para assinar uma coluna que virou referência enquanto esteve à frente, a Curto-Circuito. Pode ser encontrado no Twitter através do @danielmiede ou no danielribeiro@rd1.com.br.
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