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Neguinho lança novo álbum nas plataformas digitais Foto: Márcia Rodrigues/MR Estúdio Fotográfico

Neguinho da Beija-Flor lança projeto de resgatar sambas-enredo antigos

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Há 44 anos uma das vozes inconfundíveis do carnaval, Neguinho da Beija-Flor lança amanhã, nas plataformas digitais, o projeto "Sambas memoráveis - Anos 60", no qual regrava clássicos daquela época, como "Aquarela brasileira" (Império Serrano 1964). O disco é o primeiro de uma trilogia, que também terá edições especiais sobre as décadas de 70 e 80.

Das 12 faixas do disco, apenas uma é anterior à década de 60. Por que dessa escolha?

Eu era criança, tinha uns 6 anos, e me lembro bem das pessoas entoando "Cânticos da natureza" (Mangueira 1955). Foi quando comecei a me interessar por samba-enredo. Nessa época eu morava no bairro Nova América, em Nova Iguaçu, não tínhamos luz elétrica, banheiro, nada em casa. Meu pai era músico e, já na adolescência, eu inventava alguns sambinhas. No quartel, uma pessoa me disse: "Quer dizer que você é compositor?" Mas, para mim, era inventor de samba. Ali descobri o que era ser compositor.

Quando foi seu primeiro contato com uma escola de samba? Foi nesse período?

A primeira vez que fui a uma quadra eu tinha 18 anos. Era a final de samba de "Mundo encantado de Monteiro Lobato" (Mangueira 1967), vencida pela composição de Jurandir, Batista, Darcy da Mangueira, Helio Turco e Luiz. Já no ano seguinte, veio Sublime Pergaminho (Unidos de Lucas), outro clássico. Era uma época incrível. Os dois sambas estão no meu disco. É um resgate para mostrar aos jovens de hoje como se fazia obras maravilhosas sem ganhar nada.

Você conheceu os grandes compositores dessa época?

Não conheci o Silas de Oliveira pessoalmente. Nessa época eu estava ensaiando entrar no mundo do samba. Ele morreu logo. Vi o Cartola e o Carlos Cachaça só uma vez. Alguns dos sambas dessa época eu só ouvi bem depois, como Seca no Nordeste (Tupy de Brás de Pina 1961).

Seu primeiro samba, como cantor e compositor na Beija-Flor, foi em 1976. Hoje, sua voz é considerada uma das mais marcantes da história do carnaval. Como encara isso?

Ser compositor não dava dinheiro. Eu dei sorte, porque tenho rinite alérgica, fazia nebulizações constantemente, e tenho essa rouquidão. Se dizem que a minha voz é marcante para a história do carnaval, fico feliz. Mas, para mim, Jamelão é o chapa, o incomparável.

Este é seu primeiro disco lançado apenas nas plataformas digitais. Por que da decisão?

Para alcançar os jovens. É o que a garotada está ouvindo. Além disso, muitas vezes, é difícil encontrar alguns desses sambas nas plataformas de streaming. Espero que as pessoas gostem.