Líder chavista diz que seria "suicídio" um confronto militar da Venezuela com EUA

La Fría, Venezuela, 14 Fev 2020 (AFP) - Um confronto militar da Venezuela com os Estados Unidos "seria um suicídio", afirmou na quinta-feira o líder chavista Freddy Bernal durante uma operação das tropas na fronteira com a Colômbia antes dos exercícios das Forças Armadas convocados pelo presidente Nicolás Maduro.

"Respeitamos o governo dos Estados Unidos. É uma potência muito poderosa, com muita força militar, nós não pretendemos nunca falar de violência (...) seria uma loucura, seria um suicídio, pretender sequer um confronto com uma potência destas características. O que sempre pedimos aos Estados Unidos? Respeito", disse Bernal em La Fría, no estado de Táchira.

Centenas de militares e milicianos civis desfilaram com armas, entre blindados das Forças Armadas e veículos carregados com mísseis.

Bernal, importante líder do governante Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e autoridade designada por Maduro para comandar o exercício de Táchira, defendeu, no entanto, as manobras previstas para o fim de semana ante "a permanente ameaça insolente" do governo de Donald Trump.

A mobilização precede a "Operação Escudo Bolivariano 2020", exercícios militares que Maduro anunciou para 15 e 16 de fevereiro com o objetivo de preparar "a defesa das cidades ante agressões" de Trump, o principal aliado do presidente do Parlamento, o opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente encarregado da Venezuela por 50 países.

"Vou te ensinar algo mais do que atirar! Que aprendas a sentir o prazer de destruir! Que aprendas a matar sem temor de morrer!", cantaram os militares enquanto desfilavam, carregando fuzis pelas ruas de La Fría.

No dia 9 de janeiro, sem apresentar detalhes, Maduro anunciou que os exercícios aconteceriam em pelo menos cinco das maiores cidades venezuelanas, Caracas, Maracay, Valencia, Barquisimeto e Maracaibo. E pediu que que os militares estivessem "prontos para arrebentar os dentes do imperialismo" em caso de ataques.

A Venezuela tem 365.000 militares e quase 3,7 milhões de milicianos (mais de 10% da população), de acordo com o chavismo.

Maduro convoca com frequência exercícios das Forças Armadas para proteger a "soberania" contra os "planos intervencionistas" dos Estados Unidos e aliados regionais, como a vizinha Colômbia. De 10 a 28 de setembro do ano passado, militares e milicianos foram mobilizados em áreas de fronteira.

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