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O duo CORDIS: Paulo Figueiredo (piano) e Bruno Costa (guitarra portuguesa) BRUNO PIRES

A alma de Coimbra reflectida num piano e numa guitarra portuguesa

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O duo CORDIS acaba de lançar o seu quarto disco, Reflexo, e apresenta-o ao vivo no Porto, este domingo (na Casa da Música), e em Lisboa na terça-feira (no Teatro Villaret), depois de ter sido estreado em Coimbra.

Piano e guitarra portuguesa, de Coimbra: desde há 12 anos que Paulo Figueiredo e Bruno Costa formam um duo que tem tocado com inúmeros projectos e músicos. Com três CD e um DVD editados, acabam de lançar um quarto álbum, intitulado Reflexo. Estreado em vivo no Teatro Gil Vicente, em Coimbra, no dia 31 de Janeiro, é agora apresentado no Porto, na Casa da Música (dia 16) e em Lisboa, no Villaret (dia 18).

Ambos de Coimbra, conheceram-se na música, como explica Paulo ao PÚBLICO: “O Bruno, mais ligado à tradição e à música aqui de Coimbra, já começara a tocar guitarra muitos anos antes. E eu tenho toda uma formação clássica e jazzística na parte do piano e desde os 6, 7 anos que estou ligado à música (conservatório, escola de jazz do Porto, etc.). No final da década de 1990, houve aqui na cidade umas tentativas de junção, de misturas, do piano com o fado de Coimbra e a guitarra portuguesa. E o Bruno, sendo mais novo do que eu, começou a aparecer nesses meios. Por volta de 2004 resolvemos especificar mais essa ligação, com o meu piano e a guitarra do Bruno.”

Reforçar a experiência

Os primeiros anos, depois desse arranque a duo, serviram para “reforçar a experiência”. E em 2008 surgiu no mercado o primeiro disco, com o nome do grupo: CORDIS. Três anos depois saiu o segundo, CORDIS 2 (2011), e em 2015 lançaram Terceiro. Pelo meio, em finais de 2013, editaram um DVD, gravado ao vivo no Gil Vicente, que acabou por ser vendido em pack triplo com os dois primeiros discos do CORDIS.

Entretanto, iam somando actuações por várias salas e cidades (incluindo festivais), e tocando com músicos e cantores de várias áreas: Cuca Roseta, Opus Quatro, Coro dos Antigos Orfeonistas, o tenor Nuno Silva, Jorge Palma, Mafalda Arnauth, Vitorino, Sofia Vitória ou o Quarteto Arabesco, com o qual gravaram os dois discos mais recentes.

A junção de piano e guitarra portuguesa, que de início alguns estranharam (para depois aplaudirem), é descrita assim ao PÚBLICO pelo pianista, Paulo Figueiredo: “Apesar da grande confusão tímbrica e harmónica que os dois instrumentos podem ter, e têm, há por outro lado um aspecto fundamental, que é a riqueza que soa quanto estamos a tocar os dois juntos. Quando os dois instrumentos estão bem harmonizados, bem equilibrados no volume, bem produzidos em termos de arranjos, parece um só mas ao mesmo tempo parece uma orquestra inteira a tocar. Fica um som extremamente rico.”

O disco Reflexo tem onze composições, das quais só a primeira, a que lhe dá título, é assinada em conjunto pelos dois músicos. As restantes são assinadas equitativamente por Bruno Costa (Ladeira dos castanheiros, Tardes da prainha, Calmaria dos dias, A espera e o medo, Longos dias) ou Paulo Figueiredo (Coimbra iluminada, Sonolência, Desencontros, Vaguear e Cumplicidade). Cinco cada. O Quarteto Arabesco (Denys Stetsenko, Raquel Cravino, Lúcio Studer e Ana Raquel Pinheiro) participa também no disco e nos concertos de lançamento em Coimbra e em Lisboa (mas não no Porto, por questões de agenda). “Desde o início que, sem desvirtuar a essência do grupo, tivemos vontade de lhe juntar outros timbres e instrumentos: contrabaixo, acordeão, violoncelo, bateria, flauta transversal, saxofone. Mas o que joga melhor com a nossa música é a componente erudita, mais formal mas ao mesmo tempo doce, do quarteto de cordas. E acertámos com o Quarteto Arabesco, com o qual gostamos imenso de trabalhar.”

Espelho de preocupações comuns

De início, o duo procurava explorar as suas “próprias perspectivas sobre a música de Coimbra”, e daí terem tocado e gravado composições de Artur Paredes, Carlos Paredes, António Portugal, Jorge Gomes, Francisco Martins e outros, a partir de alguns (ainda poucos) originais. “De qualquer maneira, quando passámos do segundo para o terceiro disco”, diz Paulo Figueiredo, “achámos que o potencial das nossas peças originais já nos dava algum alento para um disco só de originais. O Terceiro já era exclusivamente de originais e o quarto igualmente.”

O título, Reflexo, é intencional. “Quer simbolizar o facto de esta música ser um espelho das nossas preocupações: a angústia pela correria e pela velocidade louca em que vivemos, o que faz com que não tenhamos tempo para o mais importante (amigos, família, as coisas boas da vida); mas também os pequenos oásis, os momentos do dia-a-dia que nos permitem parar e pensar. Estas duas vertentes conduziram-nos às composições do disco, e que nele explicamos em pequenos textos.”

O concerto do CORDIS no Porto será na sala 2 da Casa da Música, este domingo, às 18h, e o de Lisboa no Teatro Villaret, na próxima terça-feira dia 18, às 21h30.