Fernando Alonso se arrepende de falar "motor de GP2" para a Honda e jura: "Não sou egoísta"

Bicampeão mundial diz que mídia inventou muitas coisas sobre a sua carreira, como "frustração" por perda do título de 2012 ou que ele não se importa com outras pessoas das equipes

Getty Images

Fernando Alonso resolveu falar sobre algumas das grandes polêmicas na Fórmula 1. O bicampeão mundial admitiu pela primeira vez arrependimento ao ter criticado a Honda pelo rádio durante o GP do Japão de 2015. Na ocasião, o então piloto da McLaren vinha tendo uma corrida difícil na casa do fabricante, e, ao criticar a unidade de potência de seu carro, o comparou a um motor de categoria inferior: "Motor de GP2! GP2!". Na época, a atitude foi muito criticada e, tempos depois, a parceria McLaren-Honda foi desfeita.

- Veio de um momento de frustração e talvez eu não devesse dizer isso, mas não disse isso na TV ou na coletiva de imprensa. Estava falando com meu engenheiro numa conversa particular. Não era para ser público. Mas o motor estava muito ruim. No primeiro ano (da Honda) em Jerez, em quatro dias, fizemos sete voltas. Agora a Honda vence uma corrida e recebo muitas mensagens que dizem: "o motor de GP2 vence agora, deve ser um dia triste para você". Estou muito feliz, mas o motor que eu tinha no carro não era o mesmo que venceu no Brasil - justificou o espanhol à revista "F1 Racing".

Alonso aproveitou para criticar duramente parte da mídia. Segundo o espanhol, foi construída uma imagem perante o público que não é verdadeira. O bicampeão lembrou de um episódio no GP do Brasil de 2012: após perder o título para Sebastian Vettel, Alonso foi flagrado ainda de capacete com o olhar perdido, mas o piloto jura que não estava lamentando a perda do título, mas sim olhando para o companheiro Felipe Massa, terceiro colocado na prova e que estava chorando:

- Há mentiras sobre minha carreira. A história de que eu estava chocado ou triste não é verdade. Saí do meu carro e estava olhando para Felipe, que por algum motivo não conseguiu parar de chorar. Ele estava com seus mecânicos e esposa, então eu estava esperando por ele, vendo se ele estava bem. A história era que eu estava chocado ou triste. Não, não me importei tanto. Queria dar um abraço em Felipe.

Outra questão que Alonso fez questão de desmentir é de que ele seja egoísta e não se importava com seus colegas de equipe. Para o espanhol, sua postura de apontar eventuais problemas é admirada - e não criticada - pelos componentes das escuderias pela qual passa como um sinal de comprometimento.

- Ouvi pessoas dizerem que eu fui egoísta em minha carreira. Na Ferrari e em outras equipes, eu sempre compartilhava meu bônus com meus mecânicos. Se estávamos ganhando um pódio ou uma corrida, não era apenas eu, mas o trabalho em equipe. Então, se eu ganhasse US$ 30 mil, o dividiria com minha equipe. Quando entro em um projeto, comprometo-me 100% com essa equipe e dedico minha vida a essa equipe e a esses caras, e eles apreciam isso. A última coisa que sou é egoísta - garantiu.

Fernando Alonso venceu sua última corrida de F1 em 2013, na Espanha. Depois de uma temporada ruim na Ferrari em 2014, o espanhol voltou para a McLaren, que teve um desempenho ainda pior devido a problemas com os motores Honda.

No fim de 2018, o espanhol resolveu deixar a F1 e partiu para o sonho de vencer a Tríplice Coroa do automobilismo, formada pelo GP de Mônaco, as 24 Horas de Le Mans e as 500 Milhas de Indianápolis. As duas primeiras, Alonso venceu, e este ano ele tentará ganhar de novo a prova americana. No começo de 2021, o espanhol disputou o Rali Dacar pela primeira vez e ficou em 13º lugar.

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