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Manifestantes contrários à saída do Reino Unido da União Europeia protestaram em frente à Câmara dos Comuns nesta sexta-feira (31)Foto: GLYN KIRK / AFP

"Reino Unido continuará sendo parte da Europa", dizem líderes da União Europeia

Bloco econômico se prepara para conclusão de Brexit, que será efetivado nesta sexta-feira (31), às 20h de Brasília

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Os líderes da União Europeia (UE) saúdam "uma Europa no alvorecer de uma nova era" e lembram o Reino Unido de que perderá "os benefícios" de um Estado-membro, após o Brexit, em uma carta publicada nesta sexta-feira (31), dia do histórico divórcio.

Charles Michel (Conselho Europeu), Ursula von der Leyen (Comissão Europeia) e David Sassoli (Parlamento Europeu) se "declaram dispostos a se comprometer em uma nova associação com os vizinhos do Reino Unido".

"Para nós (...), como para tantas outras pessoas, este dia estará inevitavelmente impregnado de reflexão e de emoções misturadas", reconhecem, na declaração conjunta.

O Brexit é "um sinal de advertência histórica" para a Europa, avaliou o presidente da França, Emmanuel Macron, horas antes da saída oficial do Reino Unido do bloco europeu.

O Brexit entrará em vigor às 23h GMT (20h em Brasília) nesta sexta-feira (31), após quase meio século de adesão do Reino Unido ao bloco europeu.

No início do período de negociação da futura relação com Londres, os três líderes advertem que "a falta de igualdade de condições nos âmbitos do meio ambiente, do trabalho, da tributação e das ajudas públicas não pode levar a um amplo acesso ao mercado único".

"Não se pode manter as vantagens da condição de um membro, quando já não se tem essa qualidade", reforçam.

A Comissão deve negociar a relação pós-Brexit, a partir do início de março durante o período de transição que terminará no final de 2020.

"Embora já não seja membro da UE, o Reino Unido continuará sendo parte da Europa. Nossa geografia e história comuns, assim como os laços estabelecidos em tantos âmbitos, nos unem de maneira indefectível e fazem de nós aliados naturais", acrescentam.

Depois do Brexit, "os Estados-membros da União Europeia continuarão unindo suas forças e construindo um futuro comum (...) Nenhum país pode, por si só, conter o avanço da mudança climática, encontrar soluções para o futuro digital, ou fazer sua voz ouvir na crescente cacofonia que reina neste mundo", afirmam. A UE prosseguirá sua "obra (...) tão certo como o sol nascerá amanhã de manhã", concluem.

Críticas

Também nesta sexta, Ursula von der Leyen alertou o Reino Unido para o risco de caminhar sozinho e destacou que a força não reside no "esplêndido isolamento", e sim na união.

"Durante todos estes anos, 47 anos, a União Europeia (UE) se tornou uma potência (...) A força não reside no isolamento esplêndido, e sim em nossa união única", disse Von der Leyen em uma coletiva de imprensa horas antes da saída oficial do Reino Unido do bloco.

O "isolamento esplêndido" é uma alusão à política externa do Reino Unido no século XIX, que preconizava uma posição à margem da política do continente europeu, enquanto Londres estendia seu império comercial mundial.

Na entrevista, a titular do Executivo comunitário desejou que se obtenha "a melhor associação possível" com Londres após o divórcio, insistindo, contudo, em que os britânicos não terão os mesmos benefícios quando do pertencimento à UE e ao "mercado único".

De acordo com o porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel, o Brexit é "uma ruptura para a Europa". "Não há dúvida de que a saída do Reino Unido hoje, à meia-noite, da União Europeia é uma cisão para a Europa", declarou o assessor Steffen Seibert, ressaltando que, no futuro, o país permanecerá como "um parceiro estreito e um amigo".