Ex-dirigente do Chega admite ligações à Nova Ordem Social mas "a palavra nazi" é "um bocado exagerada"
O ex-conselheiro nacional do Chega Tiago Monteiro, que deixou o cargo na sequência de notícias sobre a sua ligação a um movimento extremista, admitiu esta sexta-feira ter estado ligado à Nova Ordem Social, mas recusou ser nazi.
Tiago Monteiro, que integrava também o núcleo de Mafra do partido liderado por André Ventura, renunciou aos cargos que desempenhava em meados de janeiro, um dia depois de ter sido publicada uma investigação que o envolvia.
De acordo com a informação vinda a público, Tiago Monteiro teve ligações à Nova Ordem Social (NOS), movimento de extrema-direita liderado por Mário Machado e entretanto suspenso, tendo inclusivamente estado à frente do núcleo de Sintra daquela organização.
Hoje, Tiago Monteiro disse à Lusa que participou "na Nova Ordem Social numa fase de recolha de assinaturas" porque na altura o movimento "se dizia nacionalista e não nazi".
"Não sou racista, não sou nazi", apontou, referindo que se afastou "no final de 2014" e a sua ligação à NOS durou "dois, três meses, se tanto", sendo que até nem chegou a entregar as assinaturas que recolheu.
"Eu nunca participei em nada [da NOS]. A única coisa que fiz foi recolher assinaturas", acrescentou o ex-dirigente do Chega, recusando ter estado à frente da concelhia de Sintra daquela organização.
Segundo o ex-conselheiro nacional, quando foi publicada a informação relativa ao núcleo de Sintra e o seu nome constava lá, ele já não estava ligado à NOS, pelo que isso foi feito "à [sua] revelia".
Sobre a sua saída do Chega, Tiago Monteiro afirmou que não "ia desmentir uma coisa que é verdade", e por isso não assinou o desmentido exigido pelo presidente do partido.
"Não havia necessidade de mentir sobre algo que sempre admiti, apesar de a palavra nazi ser um bocado exagerada", assinalou.
Ainda assim, referiu que ter estado ligado à NOS não é algo de que se orgulhe e mostrou-se "arrependido, tendo em conta o desfecho que isto teve".
Tiago Monteiro justificou igualmente que saiu do Chega por "não querer prejudicar o partido" e por não querer ver o seu nome "agregado a essas pessoas".
O ex-conselheiro nacional do Chega apresentou a sua renúncia em 17 de janeiro, depois de o presidente do partido, André Ventura, ter dito aos jornalistas que não iria tolerar nem admitir "qualquer presença em órgãos dirigentes de militantes que estejam ou tenham estado ligados, quer a atos violentos, quer a atos subversivos, ligados a movimentos extremistas, movimentos violentos ou movimentos racistas".
O presidente do Chega assinalou que exigiu "a todos os que foram envolvidos" na investigação "que fizessem um desmentido imediato de qualquer ligação atual ou passada a movimentos como o NOS, ou outros".
Contactado pela Lusa na altura, não quis prestar declarações, mas hoje Tiago Monteiro confirmou ter recusado assinar tal documento.
Existirão mais responsáveis do Chega que já tiveram ligações ao NOS ou a outras organizações deste género, como é o caso do presidente da Mesa da Convenção Nacional, Luís Filipe Graça.