Aliados de Onyx avaliam que MEC pode ser saída honrosa para ministro

A eventual transferência para o Ministério da Educação, ocupado por Abraham Weintraub, é vista com um “prêmio de consolação justo”


Parlamentares ligados ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, acreditam que o presidente Jair Bolsonaro ofertará uma saída honrosa a um dos seus principais auxiliares do Palácio do Planalto. Sua eventual transferência para o Ministério da Educação, ocupado por Abraham Weintraub, é vista com um “prêmio de consolação justo”, já que ele foi um dos primeiros a embarcar nas pretensões de Bolsonaro de se candidatar à Presidência.

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Na corda bamba, o político do DEM antecipou o fim das férias e desembarcou em Brasília nesta sexta-feira para ter uma conversa com o chefe do Poder Executivo.

Segundo fontes, Bolsonaro estaria inclinado a fazer mudanças no comando do MEC após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fazer críticas abertas a Weintraub, sinalizando que a agenda de Educação do governo poderia enfrentar resistência no Congresso.

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Para conduzir a transferência de Lorenzoni, o presidente destacaria a relevância da pasta, que poderia ser encarada como uma “vitrine” mais consistente para quem quer concorrer a um cargo no Executivo em 2022. O ministro da Casa Civil pretende concorrer ao governo do Rio Grande do Sul.

“Weintraub já se envolveu em diversas polêmicas e não conduziu bem a questão do Enem. As críticas do Maia o fragilizam ainda mais. O MEC, então, poderia ser um bom espaço para solucionar a crise em torno de Onyx”, avalia um parlamentar aliado de Lorenzoni.

A crise na Casa Civil ganhou novas proporções após a revelação de que o então secretário-Executivo da pasta, Vicente Santini, que ocupava a titularidade da pasta interinamente, usou avião da Força Aérea Brasileira (FAB) em viagem ao exterior. A repercussão fez com que Bolsonaro demitisse o auxiliar de Lorenzoni.

O “bate-cabeça” da Casa Civil para dar explicações sobre quem autorizou o uso de avião da FAB por Santini determinou outras mudanças na equipe de Lorenzoni e desgastaram ainda mais o ministro.

De acordo com aliados do titular da Casa Civil, Bolsonaro irritou-se por ter sido responsabilizado pela autorização e desmentiu a informação publicamente. A equipe de Lorenzoni viu-se obrigada a fazer uma nova versão para explicar os fatos. O episódio ampliou o incômodo de Bolsonaro com Lorenzoni, mesmo sabendo que o ministro estava de férias e talvez não tenha sido o responsável por validar o primeiro comunicado.

Interlocutores de Lorenzoni destacam ainda que a “insatisfação não vem de hoje”. Bolsonaro nunca teria engolido o fato de Lorenzoni, que ocupa a principal cadeira do Planalto entre os ministérios, não ter conseguido conduzir as articulações políticas.

Além isso, a incapacidade do ministro de entregar resultados no Programa de Parceria de Investimentos (PPI) teria sido determinante para que Bolsonaro decidisse remanejar a atribuição para o Ministério da Economia.

Na avaliação de parlamentares, o processo de fritura pública tem sido utilizado por Bolsonaro como “forma de alertar aliados sobre um eventual desgaste no cargo”, como aconteceu com os ex-ministros Gustavo Bebianno e Carlos Alberto Santos Cruz.

A atual condição de Lorenzoni, porém, é vista com maior preocupação, o que aumenta a expectativa de que Bolsonaro busque uma saída honrosa para o responsável por coordenar sua campanha presidencial em 2018.

Ao chegar a Brasília, nesta sexta, o ministro disse à TV Globo que não pretende deixar o governo, mas ponderou que a decisão é de Bolsonaro: "Preciso compreender, preciso conversar com o presidente. Entender as razões, ele também vai ouvir uma série de questões que eu vou esclarecer a ele. Mas a nossa relação é de muita amizade, a nossa relação é de muita confiança entre um e outro, nós somos amigos há mais de 20 anos. Eu tenho certeza de que o entendimento vai prevalecer".

O ministro espera ser recebido entre hoje e amanhã pelo presidente. Bolsonaro está na residência oficial, o Palácio da Alvorada, e não tem compromissos oficiais previstos. Mais cedo, recebeu o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno.