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Foto: DR

Junta sepultou numa campa dois mortos de famílias diferentes

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A Junta de Fiães, em Santa Maria da Feira, sepultou, no espaço de 16 dias, duas pessoas de famílias diferentes na mesma campa. Os familiares, que dizem não ter sido informados, não se conformam. A falta de espaço terá estado na origem da decisão.

Alfredo Nogueira está revoltado, inconsolável. A mulher foi sepultada há três semanas numa campa da Junta de Freguesia de Fiães. Duas semanas depois, ficou a saber que no mesmo local foi enterrado outro defunto.

"A minha mulher foi sepultada no passado dia 10 e todos os dias passava pela campa para estar um pouco mais perto dela. No dia 26, quando fui fazer mais uma visita, descobri que estava lá outra pessoa enterrada, porque vi muitas flores em cima da campa", explicou.

Pediu explicações

Incrédulo com o sucedido, Alfredo Nogueira deslocou-se de imediato à Junta de Freguesia. "Como não fui informado, disse ao presidente que não compreendia como foi possível enterrar uma segunda pessoa no mesmo local em tão pouco tempo e ele respondeu que não tinha terreno disponível", lembrou.

"O presidente não conhece nem visita de certeza o cemitério. Existem outras campas disponíveis com pessoas sepultadas há nove, 10 e 20 anos", contrapôs Alfredo Nogueira, que garante ter confrontado o autarca com esta informação. Contudo, considera não ter obtido qualquer esclarecimento que o deixasse mais tranquilo. "O presidente disse que o homem já estava enterrado e não havia mais nada a fazer", lamentou.

Sem palavras

O viúvo afirma não ter palavras para definir a indignação que sente. "Isto nem a um animal se faz, nunca vi tamanha insensibilidade. Nunca mais consegui dormir e a família está toda chocada", desabafou.

O JN tentou ouvir o presidente da Junta de Fiães, que não esteve disponível para prestar esclarecimentos.

O JN também questionou um familiar do homem que foi sepultado mais recentemente na campa. Mostrou-se surpreendido com a situação e ao mesmo tempo solidário com a indignação de Alfredo Nogueira.

Em algumas freguesias, a colocação de mais do que um cadáver na mesma sepultura temporária é justificada com a falta efetiva de espaço alternativo. Nestes casos, geralmente é feito o aviso prévio às famílias envolvidas.

De acordo com a legislação, os restos mortais colocados numa sepultura temporária têm que ser removidos ao fim de três anos.

Também neste caso, de acordo com a explicação que Alfredo Nogueira diz ter ouvido do presidente da Junta, a falta de espaço foi a justificação.