Avião que vai repatriar portugueses ainda está em Paris. China já deu luz verde
by DNA retirada dos portugueses que estão em Wuhan, epicentro do surto do novo vírus, já não vai realizar-se esta sexta-feira. O avião da companhia aérea Hi Fly, que partiu do aeroporto de Beja, está em Paris no decurso do processo de autorização necessário e que foi, entretanto, concluído.
O avião que vai repatriar 350 cidadãos europeus, entre os quais 17 portugueses, da cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto de coronavírus, ainda está em Paris. Estava previsto que chegasse esta sexta-feira à China, mas o avião, um Airbus A380 fretado pela União Europeia, que partiu esta quinta-feira do aeroporto de Beja, ainda não deixou a capital francesa, uma vez que o "processo de autorização ainda estava em curso", tendo sido entretanto concluído, como informa o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Assim sendo, o voo "será realizado logo que respeitados os devidos procedimentos e técnicos e regulamentares", lê-se na nota.
À TSF, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, afirmou que a "operação, que é muito delicada e muito complexa, quer do ponto de vista logístico, quer do ponto de vista diplomático". Em declarações à rádio, o governante disse esperar que a operação "possa ser concluída nos próximos dias para que os portugueses regressem".
À Antena 1, Augusto Santos Silva explicava esta manhã a demora no voo da Hi Fly. "Esta é uma operação complexa no quadro da concertação europeia e depois há outra coordenação ainda mais complexa, com as autoridades chinesas. Estando a cidade [de Wuhan] de quarentena, estes cidadãos só podem sair com autorização das autoridades de saúde pública e administrativas da China. Essa autorização ainda está em curso e só com essa autorização é que nós podemos dar a operação como bem-sucedida e respirar de alívio".
83 britânicos e 27 estrangeiros deixam Wuhan
Entretanto, um avião fretado pelo Reino Unido para repatriar britânicos e outros estrangeiros de Wuhan descolou esta sexta-feira de Wuhan com 110 pessoas a bordo, anunciou o governo britânico. Aliás, esta sexta-feira, o Reino Unido confirmou os dois primeiros casos de infeção por coronavírus no país.
O avião que transportava 83 britânicos e 27 estrangeiros, além de "um pequeno número de médicos", deixou Wuhan esta manhã (madrugada em Lisboa) e deve pousar às 13:00 (hora de Londres e de Lisboa) na base aérea de Brize Norton, cerca de 120 quilómetros a oeste de Londres, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado.
Londres planeara repatriar cerca de 200 pessoas, depois de receber a luz verde das autoridades chinesas no voo de evacuação.
"O avião está muito vazio", testemunhou Joe Armitt, um britânico a bordo, à televisão Sky News, que publicou uma foto de muitos lugares vagos na aeronave. A mesma testemunha afirmou que muitos expatriados não tiveram a oportunidade de chegar ao aeroporto de Wuhan a tempo.
Entre eles, Nick House, que tem dois filhos da sua mulher indonésia. O britânico explicou à Sky News que não foi informado se não três horas antes da partida do avião: "Não temos meios de transporte. Não conseguimos chegar ao aeroporto. Por isso, ainda estamos aqui", afirmou.
Portugueses rastreados antes de iniciarem viagem e na chegada a Portugal
Os portugueses a retirar da China serão rastreados antes de iniciarem a viagem e na chegada ao aeroporto, disse a ministra da Saúde, adiantando que Portugal ainda está a estudar a hipótese de um espaço de confinamento.
"Cada um destes cidadãos terá uma consulta com a autoridade [de saúde] à chegada, que terá integrado um médico, que aplicará um inquérito epidemiológico e um inquérito sobre a história clínica recente de forma a garantir que qualquer suspeita é logo identificada e encaminhada adequadamente", avançou Marta Temido, na quinta-feira, à margem da apresentação do Plano de Ação para a Prevenção da Violência no Setor da Saúde, que decorreu no Ministério da Saúde.
A ministra explicou que o rastreio, que será feito através de uma avaliação clínica e física, que inclui a medição da febre, será feito no aeroporto, o que não quer dizer que não haja uma avaliação complementar se for necessária. De acordo com informação que dispõe, Marta Temido disse que vão regressar a Portugal cerca de dezena e meia de portugueses, mas ressalvou que "poderão ser menos, porque alguns concidadãos optaram por não deixar a China por várias razões".
A data precisa do regresso dos portugueses ainda é desconhecida, afirmou a ministra, sublinhado que ainda estão "a trabalhar para perceber a que horas chegam, quem são as pessoas e outras informações indispensáveis".
Disse ainda que o Ministério da Saúde está a acompanhar toda esta situação através da Direção-Geral da Saúde. "A diretora-geral da Saúde [Graça Freitas] está neste momento a coordenar um conjunto de diligências que temos de ter preparadas para quando for necessária a intervenção do Ministério da Saúde", referiu.
O que está preparado, salientou, é "um dispositivo que segue os protocolos internacionais definidos para o acolhimento" dos portugueses quando chegarem a território nacional. "As autoridades estão a trabalhar para garantir que os portugueses que regressem tenham o acompanhamento adequado ao seu estado", assegurou.