https://static.globalnoticias.pt/jn/image.aspx?brand=JN&type=generate&guid=3c8697e6-d419-4c0f-b7c7-3c8d1fdec4c9&t=20200131125944
William Carvalho
Foto: Filipe Amorim/Global Imagens

William Carvalho descreve impotência e pânico perante agressões no balneário

by

William Carvalho foi manietado e agredido com socos pelos encapuzados que invadiram a Academia do Sporting. Libertou-se com a ajuda de colegas e fugiu para a casa de banho. "Quatro encapuzados puseram-me o braço atrás das costas, pediram para tirar a camisola e deram-me socos no peito e nas costas".

O ex-jogador do Sporting prestou depoimento no Tribunal de Monsanto, através de vídeoconferência em Sevilha. O jogador descreveu o medo que sentiu durante o ataque á Academia de Alcochete. "Nunca me tinha acontecido nada disto, vi-me numa situação de impotência quando me agarraram e fiquei sem saber o que fazer, em pânico".

Momentos antes das agressões, William Carvalho saía do ginásio em direção ao balneário quando viu os agressores entrarem na academia. "Cerca de 20 indivíduos de cara tapada forçaram a porta de entrada do balneário que Vasco Fernandes tinha fechado e começaram a agredir-nos". Nessa altura, "perguntaram por mim, pelo Rui Patrício, Battaglia e Acuña e começaram a agredir-nos".

William Carvalho conta que Coates e Rui Patrício partiram em seu socorro. Conseguiu libertar-se, dirigiu-se à casa de banho e foi aí que reconheceu um dos agressores, Valter Semedo, de cara tapada. "Perguntei-lhe o que se passa, mas ele disse-me que depois falávamos e foi embora", refere William Carvalho.

O jogador da seleção nacional saiu do balneário, que caracterizou como estando cheio de fumo, e já no exterior reconheceu o grupo de Fernando Mendes e Elton Camará. Questionado pela procuradora do MP sobre se esse grupo apresentou alguma justificação para estarem lá, William disse não se lembrar. "Não me lembro e não quero induzir o tribunal em erro". William viu ainda marcas de agressões em Jorge Jesus e Bas Dost com a cabeça partida.

William diz que Mustafá o avisou que Bruno de Carvalho pediu para partir carros de jogadores

O ex-jogador do Sporting contou ao coletivo se juízes que confrontou Bruno de Carvalho, durante a reunião após o jogo com o Atlético de Madrid, com um telefonema que recebeu dois meses antes de Nuno Mendes ("Mustafá"). "O Nuno ligou-me para avisar que Bruno de Carvalho tinha pedido para partir os carros dos jogadores e ameaça-los". Nesse momento, Bruno de Carvalho saiu da reunião por dois minutos e regressou com Nuno Mendes em linha no seu telefone para desmentir William.

Questionado pela procuradora do MP sobre em que circunstâncias foi avisado, se no decurso de alguma conversa diferente, o atleta garantiu que o telefonema partiu do líder da claque e foi somente para o avisar. A presidente do coletivo de juízes questionou se o atleta ficou alertado ou tranquilizado pelo telefonema. William pensou que Nuno Mendes não iria concretizar o pedido de Bruno de Carvalho.

Durante essa reunião, de acordo com William Carvalho, o ex-presidente do Sporting acusou Rui Patrício e ele próprio de estarem contra ele. "Eu disse-lhe que ele devia ter vergonha pelo que estava a dizer". Foi nesse momento que William confrontou o telefonema que recebeu de Nuno Mendes.