Artilheiros do Brasil no Pré-Olímpico, Matheus Cunha e Pepê dividiram sala (e colas) na escola
Atacantes se divertem ao lembrar de quando estudaram juntos, e professoras contam histórias
Quem acompanhou Matheus Cunha e Pepê nos tempos de escola já imaginava que o futuro da dupla seria no futebol. As aulas de Educação Física sempre foram as prediletas dos garotos, companheiros de sala durante o Ensino Médio no Colégio Estadual Conselheiro Zacarias, em Curitiba.
Mais difícil era prever que o sucesso viria tão rápido e, pouco mais de três anos depois, a dupla estaria vestindo a camisa da seleção brasileira sub-23 em busca de uma vaga na Olimpíada de Tóquio.
Artilheiros do Brasil no Pré-Olímpico, com dois gols cada, Matheus Cunha e Pepê se juntaram à convite do GloboEsporte.com depois de um treino da Seleção para relembrar os tempos de escola. Porém, foi difícil descobrir quem se saia melhor nos estudos...
– Não precisa nem dizer, né? Era sempre a mesma nota, porque eu ajudava ele – conta Pepê.
– É impressionante isso, o Pepê não ia para a escola e a nota dele era igual a minha. Como é que pode? É um grande jogador, mas como aluno... é brincadeira! – rebate Matheus Cunha, alegando que era ele quem passava cola para o companheiro.
Os garotos foram colegas de sala de aula quando jogavam nas categorias de base do Coritiba, época em que também viviam juntos no alojamento do clube.
Porém, eles só foram jogar juntos na seleção brasileira, já que no Coxa estavam em categorias diferentes. Matheus Cunha tem 20 anos, dois a menos que Pepê. Como explicar então a presença dos dois jogadores na mesma turma do colégio?
– Eu tive azar (risos), fui azarado, os professores não iam muito com a minha cara – desconversa Pepê, que repetiu dois anos na escola.
Mesmo assim, o atacante do Grêmio recebe elogios de quem o acompanhou nos estudos, como Rosemara Fernandes, psicopedagoga do Coritiba:
– O Pepê era quieto e educado, na escola não dava trabalho, tinha aquele jeitinho dele. Era bastante comprometido, sabia o que ele queria.
Já Matheus, filho de um professor de Química, se destacava nas matérias de exatas e costumava ter boas notas. Porém, muito comunicativo, ele levava alguns puxões de orelha por exagerar nas conversas e brincadeiras durante as aulas.
– Montei um projeto para ele dar aula para os atletas que tinham dificuldades em matemática e física. Era uma maneira de ele preencher toda aquela energia que ele tinha enquanto ele não estava jogando – conta Rosemara.
– O Matheus Cunha era o primeiro a chegar na aula e o último a querer sair, extremamente competitivo, sempre querendo também tirar as melhores notas. Existia uma competitividade saudável entre eles para ver quem tirava as melhores notas na disciplina de Educação Física, mas nas outras disciplinas também – afirma a professora Loara Borato.
Os educadores da dupla se preocupavam em prepará-los para a carreira de jogador de futebol, mas também para caso a vida no mundo da bola não prosperasse. Pepê diz não saber ao certo o que seria se não fosse atleta. Já Cunha pensava em ser engenheiro.
– Era necessário ter um plano B. A gente explicava que o estudo iria fazer diferença na profissão deles também, porque querendo ou não eles são figuras públicas, eles serão exemplos para outros jogadores, para outras crianças que vão ver e que têm essa vontade também. A gente sempre falava: "Olha, vamos estudar para falar bonito, para dar entrevistas na TV" – recorda a professora Saly Souza.
Com Pepê como titular e Matheus Cunha no banco de reservas, poupado, o Brasil enfrenta o Paraguai às 22h30 desta sexta-feira. A dupla nem precisará fazer muitas contas, já que a Seleção garantiu antecipadamente a vaga no quadrangular final do Pré-Olímpico. O Japão está mais perto para a dupla do que parecia nas aulas de Geografia...
*Colaborarou Thiago Ribeiro