Adesão à greve da Administração Pública entre 60% e 90% em todo o país
Contencioso tributário soma 69 milhões
by Maria Catarina NunesAtravés de comunicado enviado para as redacções, com título ‘Greve Nacional da Administração Pública com balanço muito positivo em todos os sectores’, o SINTAP (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos) calcula que as taxas de adesão à greve, em todo o território nacional, terão variado entre os 60% e os 90%, consoante o sector.
“Tanto no continente como nas regiões autónomas, entre escolas, creches e infantários fechados, consultas, serviços da Autoridade Tributária encerrados, recolha de lixo por efectuar, audiências e diligências judiciais adiadas, de serviços da segurança social, de registos e notariado, foram inúmeros os constrangimentos provocados pela falta de pessoal para manter o normal funcionamento dos serviços públicos”.
Os sector da Educação, a Segurança Social, as Autarquias e sector da Saúde, foram os que registaram maior adesão à greve, seguidos pelos Bombeiros Profissionais. Sem esclarecer quais, o SINTAP acusa algumas entidades de exigirem serviços a mais que os mínimos: “Chamamos a atenção que foram praticados as disposições relativas aos serviços mínimos, mas constatamos que muitas entidades empregadoras entenderam alterar as condições previstas para a greve, exigindo aos trabalhadores funções normais e não as previstas para esse contexto. Situação que iremos confrontar com as entidades em questão”.
Recorde-se que o SINTAP reivindica aumentos salariais de 0,3% constantes na proposta de Orçamento do Estado para 2020 e defende uma negociação colectiva que se verifica actualmente no sector público: “Além de aumentos salariais reais, os trabalhadores da Administração Pública lutam pela correcção das injustiças e distorções na Tabela Remuneratória Única (TRU) e que têm vindo a acentuar-se, sobretudo entre as carreiras de assistente operacional e de assistente técnico, mas também entre estas e a carreira de técnico superior, provocando uma inaceitável compressão e tendência de aproximação da retribuição média à retribuição mínima”, escreve ainda o SINTAP, enumerando também outras reivindicações:
• pela contagem integral de todo o tempo de serviço de todas as carreiras para efeitos de progressão;
• pela valorização da negociação colectiva;
• pela alteração da política de admissões na Administração Pública, de modo a colmatar a falta de pessoal
• pela reposição dos pontos resultantes da aplicação do SIADAP e que foram injustamente retirados aos trabalhadores da carreira de assistente operacional;
• pela revisão e valorização das carreiras gerais, especiais, inalteradas e subsistentes;
• pelo cumprimento dos acordos celebrados e o descongelamento de carreiras dos CIT dos hospitais EPE;
• pelo alargamento da ADSE aos trabalhadores em regime de CIT e aos trabalhadores precários ao abrigo do PREVPAP e àqueles que não tiveram oportunidade de se inscreverem aquando da primeira relação de trabalho.
“Perante a clara disponibilidade para a luta demonstrada hoje pelo trabalhadores, e uma vez que estamos ainda no período de discussão e introdução de alterações à proposta de Orçamento do Estado para 2020, cuja votação final global apenas ocorrerá no dia 6 de Fevereiro, reiterando a sua permanente disponibilidade para a negociação, o SINTAP considera ser ainda tempo para que o Governo introduza alterações à sua proposta de aumentos salariais no sentido de que se verifiquem aumentos reais e uma efectiva recuperação do poder de compra que os trabalhadores da Administração Pública vêm perdendo há mais de 10 anos, e mantém vivas as expectativas de que das reuniões que estão agendadas para os dias 5 de fevereiro, com a UGT, e 10 de fevereiro, na qual estará o SINTAP, resulte a assunção de compromissos firmes, não só relativamente às questões pecuniárias mas também quanto às outras matérias que estão na base dos protestos dos trabalhadores”.