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Honda XL 125 em uso na Antártida - poucas adaptações na moto (Foto: MIAU/Divulgação)

DUAS HONDA XL 125 NACIONAIS FORAM AS PRIMEIRAS MOTOS DO MUNDO A RODAR NA ANTÁRTIDA, AINDA NOS ANOS 80

Pesquisadores da base brasileira precisavam de um veículo ágil e ofereceram o desafio à montadora japonesa. Você vai se surpreender com as adaptações necessárias

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Recentemente acompanhávamos as notícias da reinauguração da base brasileira na Antártida quando nos veio uma vaga lembrança de uma história: uma moto nacional teria rodado ali, naquele continente gelado, em condições absolutamente inóspitas, ainda nos anos 80. Será?

Depois de uma boa e demorada consulta ao acervo do MIAU, o Museu da Imprensa Automotiva, encontramos os registros. Em realidade foram duas Honda, e não apenas uma, as responsáveis pela façanha – aquela foi a primeira vez em que motocicletas circularam na Antártida.

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Modelo nacional era quase idêntico ao da linha 1981 (imagem de referência) (Foto: Bike Pics/Internet)

As pesquisas brasileiras no continente gelado começaram em 1982, e nas duas primeiras expedições pela Ilha Rei George os pesquisadores sentiram dificuldade nos deslocamentos durante os processos de recolher amostras e mapear a área.

Sentiam a falta de um veículo leve, ágil e, é claro, capaz de suportar as condições dramáticas de temperatura e rodagem. Então pensaram: que tal uma moto?

O desafio foi oferecido à Honda, que topou a empreitada. Duas XL 125 S 0 KM fabricadas na tórrida Manaus, AM, foram escaladas.

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A Honda XL 125 era produzida em Manaus, Brasil - um calor torrencial (Foto: MIAU/Divulgação)

Para suportar as condições previstas alguns pequenos ajustes foram necessários, e o primeiro passava pelo combustível: como as motos ficariam expostas às (ainda mais) baixas temperatura durante a noite, pois não haveria lugar para guardá-las na base, nossa gasolina não servia. Já tinha mistura de álcool, o que dificultaria a partida, a pedal, pela manhã.

Foi providenciada então gasolina pura e realizados ajustes no carburador para seu uso. As duas XL ganharam também óleo especial para lidar com temperaturas abaixo de zero e pneus Pirelli Cross. Nada além disso: de resto, tudo original de fábrica.

As motos partiram junto com a terceira expedição, em novembro de 1984, embarcadas no navio de apoio oceanográfico Barão de Teffé.

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Objetivo da Honda era comprovar (e divulgar) a resistência da XL - na foto, modelo de 1975 (Foto: Divulgação/Honda) (Foto: Honda/Divulgação)

Chegando à Antártida não tiveram vida fácil: rodaram durante um mês cerca de 600 quilômetros cada, enfrentando temperaturas de até dois graus negativos, ventos de 70 km/h, neve, cascalho e riachos com pedras lisas no fundo. Na maior parte do tempo rodaram com piloto, garupa e alguns quilos extras de amostras.

No retorno as motos foram avaliadas pela fabricante, que não encontrou sinais de desgaste prematuro ou ferrugem. Segunda a Honda, na época, “fora alguns pinguins assustados a missão foi um sucesso”.

Depois, em 1985, a montadora publicou peças publicitárias enobrecendo o feito e igualmente partiu para uma linguagem muito bem-humorada.

Diante de imagem de um das XL circulando em planície inteiramente coberta de neve o texto avisava, se referindo à moto: Pura ou com Gelo. O politicamente correto ainda estava hibernando...