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Da vaidade e dos pusilânimes, por Izaías Almada

Que me desculpem os videntes, mas hoje tanto faz o cidadão ter nascido em Áries, Capricórnio ou Gêmeos, pois nos tornamos todos uma espécie de farinha do mesmo saco.

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Da vaidade e dos pusilânimes

por Izaías Almada

Astrólogos devem estar de saia justa para prever o que dizem os astros nos dias que correm, já que o nosso mundinho insiste em se tornar cada vez mais imprevisível. Haveria ainda alguma influência dos astros?

Que me desculpem os videntes, mas hoje tanto faz o cidadão ter nascido em Áries, Capricórnio ou Gêmeos, pois nos tornamos todos uma espécie de farinha do mesmo saco.

Enquanto o sistema econômico for o capitalismo não dá para tapar o sol com a peneira. Há quem tente, mas até prova em contrário, a mais valia continua, a exploração do trabalho em favor do capital continua e os acordos de governabilidade política entre classes sociais que vivem nos extremos da riqueza e da pobreza, continuarão. 

Isso sem falar na corrupção, que já é parte integrante do próprio sistema, apesar dos moralistas de plantão.

Em outras palavras: a luta de classes continuará e, pelos vistos, com maior domínio do poder econômico sobre os meios de comunicação tradicionais, bem como o uso da informação propositalmente ambígua – agora chamada elegantemente de guerra híbrida – e também dos avanços da cibernética, cujas descobertas e produtos sofisticados já são orientados e dominados pelo capital, cada vez mais poderoso. 

Não será preciso muito esforço das meninges para entender a equação: o dinheiro compra, entre variados produtos de sustentação do sistema econômico vigente, as armas e as consciências. Creio que já nem é preciso desenhar. Os exemplos quase que diários estão aí para comprovar.

A fila para comprar ingressos e conseguir bons e privilegiados lugares para ver o grande espetáculo da vida contemporânea é cada vez maior e já atinge o patamar de quase oito bilhões de pessoas. Das quais, 2153 possuem a modesta riqueza que corresponde a 60 % do que acumularam quatro e meio bilhões de pessoas, ou seja, aqueles que ficam sempre na rabeira da fila.

Alguma coisa está fora do lugar, não? Mas é também a obtusidade do homem contemporâneo que faz com que ele se comporte como as crianças diante de brinquedos eletrônicos ou não, presentes do Papai Noel, doces e chocolates… E outras tantas guloseimas mais repletas de toxidades. 

Que me importa se crianças ainda morram de fome em várias regiões do planeta? Ou que a tortura física seja empregada para arrancar confissões de um prisioneiro, qualquer que seja o motivo? Ou que incêndios, criminosos ou naturais, matem – além de pessoas –milhões de árvores e animais pelo mundo?

Quando as religiões se transformam em investimentos, em empresas que num futuro não muito distante estarão com ações nas Bolsas de Valores, o que esperar do ser humano que enche a boca para falar de Deus e do amor ao próximo? 

De repente parece que um imaginário e desconhecido conclave mundial foi por alguém encomendado para que vaidosos e pusilânimes deitassem falação sobre o que entendem ser a vida e por qual razão devemos agora nos preocupar com os ensinamentos bíblicos e com os drones que matam por encomenda.

“Olho por olho, dente por dente”! A advertência é tão antiga quanto o Jardim do Éden. O bem e o mal são duas faces da mesma moeda, seja ela o dólar, o euro, a libra, o rublo, o real, o peso, o iene e tantas outras que nos escorrem por entre os dedos e ajudam a aumentar trimestralmente os criminosos e indecentes lucros bancários entre outros.

Que os vaidosos e pusilânimes aproveitem o seu momento histórico, pois ele, como tudo na natureza, não terá grande duração. Princípio, meio e fim. 

Novas revoluções como a francesa, a de outubro de 1917 e a de Sierra Maestra, para ficarmos em três exemplos da Idade Moderna, ressurgirão, diferentes e mais sofisticadas, de dentro das conquistas e dos escombros cibernéticos. 

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