Movimento britânico assinalou ‘Brexit’ com comemoração na Madeira
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by Rúben SantosNão foi muito efusiva a comemoração do ‘Brexit’, na Madeira, mas houve um grupo composto por quatro britânicos que, esta tarde, no Funchal, assinalou o facto do Reino Unido ter efectivado a saída da União Europeia.
O porta-voz deste movimento, Brian Philp, de 89 anos, começou por referir que este “é um grande marco na história do Reino Unido” e não teve dúvidas em afirmar que este também é “o evento mais importante dos últimos 80 anos”, desde a Batalha da Grã-Bretanha, um marco bélico que susteve a invasão alemã por terras de Sua Majestade.
“Agora, estamos a deixar a União Europeia para recuperar a nossa soberania, fechar as nossas fronteiras e negociar livremente com o resto Mundo. Para além disso, vamos deixar de pagar anualmente cerca de 18 mil milhões de libras à União Europeia. Essas são as quatro principais razões pelas quais celebramos o Brexit”, explicou o octogenário que liderou a campanha do UKIP, em 2016, no Sul de Londres.
Na opinião de Brian Philp, “desde o Tratado de Maastricht, que entrou em vigor em 1993, houve uma percepção geral de que a soberania iria desgastar-se em todos os estados-membros, tornando isto numa base federal instalada em Bruxelas e dominada pela Alemanha”. O britânico assume que “aos poucos, as pessoas foram apercebendo-se disso” e foi por isso que “uma organização partidária surgiu, o UKIP, e durante 27 anos o fundador desse partido fez campanha, primeiro com 20 homens, depois com 100, no ano seguinte 5 mil e, em 2015, já havia milhões de apoiantes que conseguiam entender o problema e votaram a favor do Brexit”.
O filho mais novo de Brian Philp tem assento no Parlamento Britânico e faz parte do Ministério da Justiça do actual Governo, pelo que este não tem dúvidas em afirmar “que muitos dos que votaram pela permanência, especialmente alguns deputados do Parlamento, tinham interesses económicos na União Europeia, pelo que não lhes convinha a saída”.
Travar a imigração
Brian Phil referiu ainda, nesta entrevista, que não haverá consequências para os madeirenses e britânicos que visitam a ilha. “Portugal e a Madeira têm uma relação muito especial com o Reino Unido. Existe o Tratado de Roma, em que passados 700 anos continua a vigorar sem qualquer problema. Posso dizer que os portugueses que trabalham no Reino Unido são brilhantes. Trabalham, não reclamam por benefícios e não cometem crimes! Mas, por outro lado, temos 600 mil emigrantes da Europa de Leste, de países como a Roménia e Bulgária, que não trabalham, tiram os benefícios e, entre esses que assinalei, aproximadamente 14 mil estão presos. Essa é uma situação terrível. Se não pararmos esta migração de massas, promovida pela União Europeia, será demasiado tarde”, alertou, olhando depois para um número curioso.
“Ao todo, temos aproximadamente 10 milhões de imigrantes no Reino Unido. Essa é a população de Portugal”, rematou.
Novas oportunidades comerciais
Ainda segundo o britânico que costuma vir à Madeira, a cada ano, passar uma estadia de aproximadamente 10 semanas, o Reino Unido poderá agora operar trocas comerciais com o resto do Mundo e, depois, é preciso não esquecer a Commonwealth e com quem os britânicos não têm negociado.
“Podemos ir buscar a carne de vaca à Austrália, o cordeiro à Nova Zelândia, o queijo ao Canadá ou o vinho à África do Sul. Podemos também estabelecer relações comerciais com a China, Índia, EUA, todos os grandes países. A chave é manter a soberania e a identidade. Isso tem de estar sempre em primeiro lugar. E a mesma linha de pensamento tem de acontecer aqui com os portugueses”, vincou Brian Philp, não colocando de lado a hipótese de ser “possível que outros países da Europa acompanhem esta tendência” de saída da União Europeia, pese embora tenha de haver “uma reformulação no projecto da União Europeia”.
“A Angela Merkl disse, há três semanas, que a União Europeia tem de abandonar a sua agenda federal e tem de parar de promover a imigração em massa, porque isso dilui a identidade nacional dos países. Essas declarações demonstram inteligência”, frisou, antes de concluir que esta foi “uma vitória do povo” maioritariamente idoso, mas “com muita gente jovem a apoiar”.