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Wagner Alves Diniz, de 51 anos, olha os estragos causados pela chuvaFoto: Fred Magno/O TEMPO
Se previna!

Moradores dizem que Vila Bernadete está abandonada pela prefeitura

Casas foram evacuadas na rua Doze, mas, quem ficou, garante que nenhuma obra foi realizada na área até o momento

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Às 7h desta sexta-feira (31), o silêncio paira na rua Doze da Vila Bernadete, na região do Barreiro, em Belo Horizonte. Há exatamente uma semana, sete pessoas - de duas famílias - morreram soterradas durante a chuva que atingiu a cidade. Depois da retirada dos corpos das vítimas, moradores afirmam que foram "esquecidos" pelo poder público.

"Na rua toda, só três casas têm gente morando. O resto saiu porque os imóveis foram interditados pela Defesa Civil. Depois disso, não veio mais ninguém aqui, não tem máquinas, funcionários trabalhando, não se sabe quando vai voltar ao normal", explicou o ajudante de pedreiro Wagner Alves Diniz, de 51 anos. 

Com a saída dos vizinhos, ele, que mora no beco Berenice, bem perto do deslizamento, ficou como "vigia" da rua abandonada. Os moradores saíram, mas deixaram móveis e outros pertences pessoais. "A gente fica com medo de alguém vim aqui pegar alguma coisa deles. A gente só queria saber da prefeitura quando vão começar a arrumar as coisas na vila. As famílias que saíram não quiseram ir para abrigos, preferiram casas de parentes", explicou. 

Enquanto a reportagem de O TEMPO esteve no local, duas viaturas da Guarda Municipal estavam na via. No entanto, nenhum funcionário do município do setor de obras foi encontrado. A fita zebrada para controlar a passagem está no mesmo lugar desde a última sexta-feira (24). Na área não, há barulho de crianças brincando, trabalhadores saindo para o serviço, o silêncio diante da tragédia com a perda de vidas é o que permanece. 

"O abrigo foi oferecido pela prefeitura, mas é uma situação difícil dividir espaço com outras famílias, até um banho é complicado tomar. Por esse motivos, os moradores foram para casas de parentes. Aqui não se vê ninguém trabalhando, mas lá na região Centro-Sul ninguém para o serviço desde quarta-feira. São tratamentos diferentes", desabafou o locutor Jean de Oliveira, de 42 anos. 

Vila Ferrara

A menos de três quilômetros da Vila Bernadete, moradores da Vila Ferrera, também no Barreiro, já voltaram com a rotina. Eles chegaram a sair dos imóveis após o boato de um rompimento de barragem na região. 

"Foi só boa, aqui está tudo bem, eu mesmo não saí de casa. Não tem trincas, nenhum risco. A Defesa Civil não veio aqui por isso. Quem saiu foi por medo de acontecer alguma coisa e também pelo susto com o que aconteceu na (vila) Bernardete", disse o carpinteiro Maurílio Ribeiro Lima, de 61 anos.

Os moradores da Vila Ferrara que saíram de suas casas durante a chuva de terça-feira (28), por questão de precaução, foram levados para a Escola Estadual Professora Maria Trindade, no bairro Bonsucesso. No entanto, eles foram embora da instituição um dia depois. A reportagem esteve na escola nesta sexta e encontrou apenas a secretaria funcionando. O ano letivo começa no dia 10 de fevereiro.

Resposta

Em nota, a prefeitura detalhou as ações realizadas pelo Executivo desde o início da chuva. Leia na íntegra:

A Prefeitura de Belo Horizonte informa que no primeiro momento prestou todo apoio técnico com equipamentos, materiais e de alimentação ao Corpo de Bombeiros na operação de resgate às vítimas na Vila Bernadete. Logo após o ocorrido, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) realizou a limpeza das vias públicas no local com a utilização de retroescavadeiras, caminhões e hidrojato. A Sudecap e a Defesa Civil ainda vistoriaram todas as residências da região para avaliar os riscos das edificações.  

Além disso, as equipes de assistência social estão atuando nos territórios diariamente desde o dia 23 de janeiro. Neste período, foram realizados 152 cadastros na Vila Bernadete e 100 cadastros de famílias da Vila Ferrara. Além da busca ativa realizada no território, na Vila Bernadete, o Posto de Comando da equipe social foi montado na Creche Criança Feliz, rua 14, e recebeu e atendeu famílias com demandas diversas como orientações, encaminhamentos para segunda via de documentos, ajuda humanitária, refeições e, quando necessário, encaminhamento para acolhimento.

Um segundo posto foi montado na Escola Estadual Professora Maria Belmira Trindade, local para onde 120 moradores da Vila Ferrara/Bairro Bonsucesso se dirigiram na noite de segunda-feira, 27 de janeiro. Todas as famílias foram cadastradas e as demandas registradas. As famílias voltaram para suas casas e as demandas apresentadas foram encaminhadas e estão sendo atendidas. Cerca de 500 marmitex foram enviados para a região do Barreiro até este momento.

Atualizada às 11h45.

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