Itália e Reino Unido confirmam coronavírus. África ainda a salvo

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Itália é o quarto país europeu a confirmar a existência de casos de contaminação por coronavírus. Trata-se de um casal de turistas chineses, originário de Wuhan, que chegou a Milão há cerca de 10 dias integrado numa viagem de grupo e está agora internado na clínica Spallanzani, em Roma.

O casal foi internado após revelar sintomas suspeitos na noite de quarta-feira, viu confirmada a contaminação na quinta-feira e o governo decidiu ativar o protocolo de vigilância sanitária.

O quarto do Hotel Palatino, de quatro estrelas, onde o casal estava instalado na capital italiana foi selado para ser descontaminado pela autoridade de saúde local.

A viagem de grupo onde o casal estava integrado já tinha realizado diversas escalas em Itália. O resto do grupo ainda iniciou uma nova etapa rumo a Cassino, mas após a ativação do protocolo de vigilância sanitária, o grupo foi intercetado pelas forças de segurança italianas e escoltado para observação na mesma clínica.

O primeiro-ministro italiano garante que o governo está "vigilante e muito cuidadoso". "Não fomos apanhados desprevenidos", garantiu Giuseppe Conte, elogiando a clínica Spallanzani como "a bíblia nesta área". "Não há motivo para se lançar o pânico e gerar um alarme social", acrescentou.

O governo italiano decidiu entretanto fechar o trânsito aéreo de e para a China.

Foi entretanto negada a ocorrência de outro caso de coronavírus em Itália. Um outro casal de turistas chineses integrado numa viagem de cruzeiro esteve a ser testado após a mulher ter revelado febre e outros sintomas de gripe.

Quase 7 mil pessoas estiveram cerca de 12 horas bloqueadas no navio ancorado no porto de Civitavechia, nas proximidades de Roma, sendo liberadas para desembarcar após o resultado negativo dos testes.

A propagação internacional

Itália é o mais recente e quarto país europeu a registar casos confirmados de contágio depois de França, Alemanha e Finlândia. Sendo este mais um caso importado da China.

Em França, surgiu mais um caso, o sexto. Trata-se de um médico que esteve em contacto com um paciente asiático. É o primeiro caso confirmado de contaminação entre humanos naquele que foi o primeiro país europeu a registar casos de coronavírus.

A Comissão Europeia está a apoiar a França numa operação de repatriamento de cidadãos franceses e de outros países europeus que estão na China, nomeadamente na região de Wuhan, a cidade epicentro da epidemia.

Um segundo avião de grande porte, um A380, pertencente à empresa portuguesa Hi Fly, foi fretado pelo governo francês e descolou quinta-feira do aeroporto de Beja, em Portugal, rumo à China, via Paris.

Esta unidade do maior avião comercial do mundo tem o objetivo para repatriar da China mais de 130 cidadãos europeus de 16 Estados-membros da União europeia, incluindo, presume-se, pelo menos 17 portugueses.

Medidas de contenção

Diversos países e companhias aéreas já suspenderam os voos comerciais de e para a China, apesar da Organização Mundial de Saúde (OMS) se ter oposto à restrição de viagens.

São já 19 os países, além da China, com casos confirmados de coronavírus. Por enquanto, a epidemia ainda só fez vítimas mortais no país de origem.

O coronavírus já fez mais de 210 mortos e está a infetar pelo menos 9600 pessoas por todo o mundo.

Sem querer colocar um rótulo negativo à China e à forma como reagiu ao surto, a OMS decretou na quinta-feira o surto de coronavírus como uma Emergência de Saúde Pública Internacional-emergency-committee-regarding-the-outbreak-of-novel-coronavirus-(2019-ncov)).

Objetivo: evitar a expansão da epidemia para países mais frágeis, salientou o diretor-geral do organismo.

"Estou a declarar uma Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional devido ao surto global do novo coronavírus. A razão principal desta decisão não se prende com o que está a acontecer na China, mas sim nos outros países. A nossa grande preocupação é a possibilidade do vírus se propagar para países com sistemas de saúde mais frágeis", afirmou Tedros Adhanom Ghebreysus.

Continentes frágeis a salvo

África e América do Sul, dois dos continentes com países mais frágeis em termos de saúde, são por enquanto os únicos ainda sem casos confirmados de contaminação pelo coronavírus, apesar de haver alguns casos suspeitos sob observação.

Em Angola, por exemplo, há o caso de um cidadão chinês em quarentena desde domingo, apresentando um quadro clínico estável.

Os testes deste caso suspeito foram enviados para um laboratório especializado na África do Sul e os resultados são esperados nos próximos dias, revelou o inspetor-geral da Saúde de Angola, Miguel de Oliveira.

Outras fontes • Ansa, AFP, AP, angop