Novas questões do sistema global, por Andre Motta Araujo
A História se encarregará de apresentar suas soluções, os grandes homens irão aparecer, o processo é insondável, mas existe, a cada época seus heróis.
by Andre Motta AraujoNovas questões do sistema global
por Andre Motta Araujo
Predomínio das finanças sobre a economia produtiva, concentração de renda entre países e dentro dos países, mudanças climáticas e populismos versus pluralismo.
Nos fóruns da elite mundial, como Conference Board, Business Roundtable, Davos, Bilderberg Club, se discutem TEMAS CENTRAIS de nossas tempos, linhas mestras de cenários e questões que poderão balizar os rumos do futuro incerto, ninguém pode prognosticar, mas através das nuvens se pode perceber como GRANDES CONTROVÉRSIAS DO TEMPO PRESENTE, título de obra emblemática do historiador Jacques de la Rue se referindo aos temas do início do Século XX. São blocos gerais que nos possibilitam raciocínios e indagações sem ter a pretensão de adivinhar o futuro insondável.
PREDOMÍNIO DAS FINANÇAS SOBRE A ECONOMIA PRODUTIVA
Um câncer que corrói a civilização e o progresso humano já chegando no rumo da metástase. Progressão iniciada nos governos Thatcher e Reagan nos anos 70 e 80, a finança passou a crescer e dominar por causa da DESREGULAMENTAÇÃO do setor financeiro. Este, sem contrapontos e inimigos naturais, passou a crescer através de FUSÕES E ELISÃO FISCAL, a finança paga cada vez menos impostos que, por consequência, recaem cada vez mais sobre a economia produtiva, a classe média e os pobres, ao mesmo tempo que FUSÕES matam empregos, comunidades, prejudicam consumidores e enfraquecem os Estados.
Como consequência, a dívida mundial pública e privada atinge hoje US$255 trilhões, três vezes e meia o PIB mundial de 2018, sufocando as economias, os consumidores, concentrando renda e empobrecendo os cidadãos que não estão no topo do rentismo, um banquete com poucos comensais.
Leia também: E os ventos da Califórnia derrubam parte do muro de Trump
CONCENTRAÇÃO DE RENDA ENTRE PAÍSES E DENTRO DOS PAÍSES
Uma curva inédita de baixo crescimento nos países emergentes da África e da América Latina aumenta a distância com os países ricos. Esse NÃO CRESCIMENTO provoca fluxos migratórios de africanos em direção à Europa e de latino americanos em direção aos EUA, são populações desesperadas e que lutam para não morrer em seus países de origem, forçando as fronteiras mesmo com enorme risco de morte pelo caminho, no mar ou no deserto.
Dentro dos países emergentes aumenta o fosso entre uma classe média alta a serviço dos bilionários do topo, dos altos funcionários do Estado e a massa pobre que está caindo degraus para a vala da miserabilidade, enquanto o topo aumenta sua renda e riqueza. A TENDÊNCIA é crescente em praticamente todos os países, ricos e emergentes. Nos EUA, a disparidade de renda entre as classes atingiu níveis recordes, desmontando um relativo equilíbrio social que foi alcançado no pós-guerra nos EUA e após a segunda metade dos anos 50 na Europa, os países ricos têm problemas sociais graves.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Confirmando previsões de cientistas por todo o mundo, as mudanças climáticas estão avançando ainda mais rapidamente do que se previa nos prognósticos dos centros científicos. Essas mudanças estão provocando DESASTRES CLIMÁTICOS por todo o planeta e esses desastres estão atingindo mais as populações pobres em áreas de risco. Os Estados não estão preparados para a rapidez dessas mudanças, como se viu no caso dos incêndios na Austrália, provocados pelo calor excessivo que chegou a 43º no País. A CRISE CLIMÁTICA provoca tensões políticas internas e globais e serão uma questão central do futuro.
Leia também: Cade aprova compra da Embraer sem restrições
POPULISMOS VERSUS PLURALISMO
Os “populismos” oferecem RESPOSTAS SIMPLES PARA QUESTÕES COMPLEXAS, como foi a saída do Reino Unido da União Europeia, a instalação de governos confrontacionistas sem qualificação em muitos países, provocando mais crises que soluções porque não existem soluções simples para os complexos problemas dos EXCESSOS DO FINANCISMO, DA CONCENTRAÇÃO DE RENDA E DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS. Não só os populismos não têm solução alguma, mas AGRAVAM ESSES PROBLEMAS por falta de entendimento, por ausência de capacidade de gestão e por falta de projetos reais de avanço. Em muitos casos eles não só NÃO TÊM SOLUÇÕES COMO ELES SÃO PROBLEMAS, aumentam as crises anteriores criando crises novas por cima.
AS SOLUÇÕES VIRÃO
O imponderável da História se encarregará de dar solução a algumas dessas grandes questões. No caso do predomínio das finanças, uma ONDA DE DESVALORIZAÇÃO DE MOEDAS E DE DÍVIDAS pode enfraquecer esse polo de poder global, o mesmo processo atingirá a concentração de renda através de impostos sobre renda e ativos, provavelmente a bandeira de NOVOS POPULISMOS DE ESQUERDA. No caso das mudanças climáticas, um MECANISMO CENTRAL COM SANÇÕES a países negacionistas, SANÇÕES ECONÔMICAS E DIPLOMÁTICAS a quem não fizer sua parte.
PROGNÓSTICOS IMPOSSÍVEIS
O futuro é imprevisível, mas os problemas são reais e já estão presentes. Como enfrentar esses problemas com governantes do tipo Trump, vigaristas do poder? No passado, grandes crises tiveram grande cérebros para enfrentar como Churchill, Roosevelt, Marshall, Keynes, Kennan, Acheson, Harriman, De Gaulle, Adenauer, Mandela, Chirac e os nossos Vargas e Juscelino, grandes homens, grandes visões, enormes estaturas de personalidade e caráter.
Leia também: Bolsonaro nega fritura de Moro em entrevista à TV
A História se encarregará de apresentar suas soluções, os grandes homens irão aparecer, o processo é insondável, mas existe, a cada época seus heróis.
AMA
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor
Assine e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.