Juiz de Fora
Professora e mais duas são indiciadas por agulhas compartilhadas em escola
Teste de glicemia foi realizado em, pelo menos 47 pessoas, sendo usadas apenas oito agulhas
by Natália OliveiraA Polícia Civil de Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas Gerais, concluiu, nesta segunda-feira (9), o inquérito que apurou o uso compartilhado de agulhas durante uma feira de ciências, ocorrida no final de novembro, na Escola Municipal Arllete Bastos. De acordo com as investigações as agulhas usadas para medir glicemia durante o evento foram realmente compartilhadas.
A professora de ciências, de 54 anos, que permitiu a medição da glicemia, a coordenadora pedagógica, de 57, e a diretora da escola, de 54, foram indiciadas pelo crime de exposição ao perigo à vida ou à saúde. O crime pode render de três meses a um ano de prisão e o inquérito será encaminhado ao Ministério Público de Minas Gerais.
"Nós ouvimos mais de 20 pessoas entre comunidade e alunos que estiveram na feira. Submetemos as imagens das câmeras de segurança do local onde houve a feira a uma perícia e concluímos que a aluna tinha oito agulhas e, pelo menos, 47 pessoas foram submetidas ao teste o que nos levou a conclusão de que algumas pessoas compartilharam da mesma agulha", explica a delegada Ione Barbosa.
Na data do ocorrido, no último dia 23 de novembro, 84 pessoas procuraram postos de saúde da cidade e tomara o coquetel de profilaxia contra Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), o que indica que a agulha pode ter sido compartilhada por um número ainda maior de pessoas.
"Pelas imagens a gente vê que a professora deixa a aluna sozinha aferindo as glicemias, não supervisiona e sai várias vezes. A coordenadora e a diretora também foram indiciadas porque entendemos que elas tinham responsabilidades de cuidar da feira e não deixar uma situação assim acontecer", considera a delegada.
Ione ressalta que se alguma pessoa for identificada com doença por causa do compartilhamento de agulhas, o crime pode ser agravado e a pena das indiciadas aumentada.
Entenda o caso
A suspeita de uma partilha de agulhas durante uma feira de ciência na cidade gerou pânico nos moradores da cidade e uma corrida na procura pelo coquetel de profilaxia contra Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs).
A glicemia dos estudantes e participantes do evento foi medida por uma aluna de 14 anos que apresentava um trabalho sobre diabetes e foi levantada a possibilidade das agulhas terem sido compartilhadas.
De acordo com o secretario de Comunicação de Juiz de Fora, Ricardo Miranda, uma aluna contou para a mãe, que é enfermeira, que a agulha para medir sua glicemia teria sido usada também em uma colega dela da escola.
A mãe avisou a prefeitura e as pessoas que participaram da feira de ciência foram chamadas para tomar o coquetel, que funciona em até 72 horas após a possível contaminação, por isso a urgência na prevenção. Elas também passaram por exames para identificar o risco biológico.
O teste de glicemia foi aplicado sem o acompanhamento de um profissional de saúde e pela aluna da escola que tinha levado o aparelho para feira para falar sobre diabetes. O teste foi feito em alunos e em pessoas que visitavam a feira.
Testes negativos
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, 84 pessoas foram atendidas nesta terça e fizeram o teste rápido para doenças contagiosas e o resultado foi negativo para HIV e Hepatites Virais. A secretaria afirma que apesar da procura não está faltando o medicamento na cidade.
"Todos os atendidos receberam um cartão informando quando elas devem voltar ao posto de saúde e para fazer um acompanhamento. A maioria dos alunos que passaram pelo teste têm entre 12 e 14 anos. A população que passou pela feira também foi convocada a passar pelos cuidados da saúde. Acreditamos que atingimos a meta de todos que foram picados terem sido atendidos com o coquetel e o teste", garante o secretário.