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Um valioso teórico e, provavelmente, cineasta acabou por não se concretizar...

Almada em movimento

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É como se voltássemos ao salão indiano do Grand Café de Paris: o jovem que um dia ficou fascinado com os assombros de Georges Méliès recoloca-nos perante o cinema como “coisa nova”, geradora das maiores esperanças e de resignadas desilusões.

Não terão sido poucos os que, em 2017, ao visitarem a exposição de Almada na Gulbenkian, se surpreenderam com os “fotogramas” de O Naufráfio da Ínsua, 64 desenhos que, possuindo uma assumida ambição “fílmica”, desde logo remetiam para a mal conhecida ligação dos modernistas portugueses com o cinema. E se este tem o seu axial eixo num olhar enformador de uma particular visão do mundo, não deixa de se mostrar particularmente perspicaz, desde logo, a escolha de um grande plano do olhar de Almada para capa. Leia-se “grande plano” à letra, porquanto tal imagem corresponde ao blow-up da fotografia de cena do único filme (O Condenado, 1921) que Almada protagonizou enquanto actor.