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O ministro russo do Desporto, Pavel Kolobkov
Foto: REUTERS/Maxim Shemetov

Agente secreto "canalizador" foi peça-chave do esquema de doping da Rússia

A Rússia foi banida dos Jogos Olímpicos 2020 e do Mundial 2022 de futebol. Em causa está um escândalo de doping apoiado pelo Estado. Em 2016, a Agência Mundial de Antidopagem (AMA) lançou um comunicado a explicar o esquema dos russos, que se baseou, nos Jogos Olímpico de Inverno, em Sochi, na atuação de um suposto canalizador durante a noite.

O esquema de doping usado pelos russos foi descoberto por uma investigação que confirmou a manipulação, através de uma estratégia insólita, dos testes de doping.

A AMA divulgou a manipulação de dados laboratoriais por parte do organismo de controlo russo, que teve influência em Jogos Olímpicos e Mundiais de Atletismo, e revelou que o sistema de fiscalização descobriu 643 casos em 30 desportos, desde pelo menos 2011, até agosto de 2015.

Segundo a Agência Mundial de Antidopagem (AMA), a Rússia terá implementado este esquema de dopagem com apoio estatal, no rescaldo dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2010, em Vancouver, depois de um fraco desempenho.

A investigação utilizou documentos, ficheiros, estudo dos recipientes da urina e alguns atletas, para pôr o escândalo a limpo. O professor canadiano Robert McLaren publicou um relatório a explicar o que se passou durante os anos em questão e como o procedimento era feito.

O relatório deu a conhecer que o diretor do laboratório anti-doping de Moscovo era um dos principais elementos da rede, criando um cocktail de esteroides que não era detetável no controlo. Tanto os laboratórios, como o Estado e o ministro do Desporto, Vitaly Mutko, foram responsáveis pela fraude desportiva. Se, por um lado, atrasaram a divulgação de atletas apanhados com substâncias ilícitas, houve também um papel ativo dos serviços secretos no apoio a esta rede, durante os Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi, na Rússia.

Ao que tudo indica, antes de consumirem substâncias dopantes, os atletas russos urinavam para um recipiente, que eram guardados em câmaras congeladoras.

Depois de consumirem substâncias ilícitas, e quando eram sujeitos a um teste durante a competição, na presença dos controladores antidoping, o truque era levado a cabo por um agente secreto disfarçado de canalizador.

Durante a noite, este agente, através de um buraco na parede, entrava na sala onde as amostras estavam guardadas e trocava a urina pela que tinha sido congelada previamente. A determinada altura, estes dados foram descobertos através de análise microscópica e o escândalo rebentou.

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Três anos depois do comunicado da AMA, a Rússia sofre o castigo da não-participação nos Jogos Olímpicos 2020 e no Mundial 2022 de futebol, embora não tenha sido punida no próximo Campeonato Europeu de Futebol, no próximo ano.